quarta-feira, 23 de setembro de 2015

3 MIL ANOS - JEQUITIBÁ-ROSA






http://www.humornafaixa.com/2012/06/conheca-arvore-brasileira-de-tres-mil.html

https://pt.wikipedia.org/wiki/Jequitib%C3%A1

JEQUITIBÁ
 
Recebem o nome de jequitibá árvores de troncos de grandes dimensões, tanto em comprimento como em perímetro, da família das lecitidáceas.
As duas espécies mais conhecidas de jequitibá são:
às quais se pode ainda acrescentar:
As designações populares desses tipos de árvores não são, no entanto, muito conclusivas. Efetivamente, muitas espécies são designadas, em regiões diferentes, por nomes iguais. A correlação apresentada no Dicionário Aurélio, por exemplo, é contraditória com a utilizada por muitos especialistas, como o botânico brasileiro Harri Lorenzi.

Características

árvores nativas da mata atlântica brasileira, existentes apenas na Região Sudeste do Brasil e em alguns estados vizinhos. Suas folhas apresentam tom avermelhado na primavera e suas flores são claras ou vermelhas. Em língua tupi, significa "gigante da floresta", o que é compreensível[carece de fontes]. Figuram na relação das maiores árvores do Brasil, tal como os jatobás, sapucaias e angelins. Na floresta, árvore adulta desta espécie é emergente, isto é, pode ser vista bem acima das demais. Registros atuais anotam jequitibás com sessenta metros de altura. Para se ter ideia do que significam sessenta metros, basta lembrar que esta é a altura de um prédio de vinte andares. Suas pequenas flores têm um delicioso e adocicado aroma.
No Parque Estadual do Vassununga, em Santa Rita do Passa Quatro, no estado de São Paulo, no Brasil, encontram-se alguns dos maiores exemplares de jequitibá conhecidos. O jequitibá-rosa de 3 000 anos, chamado por alguns de "Patriarca da Floresta", mede 49 metros de altura e tem uma circunferência de dezesseis metros, ou seja, são necessárias dez pessoas de mãos dadas para dar a volta em seu tronco.


O Jequitibá na Cultura e na Arte

Árvore frondosa e imponente, empresta nome a ruas, cidades e parques do Brasil. Na música, é cantada pelos caipiras, como em "Saudade da Minha Terra", de Goiá e Belmonte:
"...vou escutando, o gado berrando, o sabiá cantando no jequitibá..."
Outros tantos cantaram o jequitibá, como, por exemplo, na música "Jequitibá", do sambista da Mangueira José Ramos, que nos deixou em dezembro de 2001, parceiro de Cartola e grande compositor de sambas de terreiro da escola:
"...Ô ô ô ô ô
"O jequitibá do samba chegou
"Mangueira é uma floresta de sambistas
"Onde o jequitibá nasceu...
Por ser bela e alta, fazendeiros costumavam derrubar outras árvores e preservar o jequitibá em suas propriedades. Com enredo desenvolvido em torno desta ideia, existiu a novela brasileira Renascer, de 1993, na qual um facão enterrado em frente a um pé de jequitibá representou a força do fazendeiro vivido pelo ator Antônio Fagundes.
O CD "O Gigante da Floresta", do músico e compositor Hélio Ziskind, narra fato acontecido na cidade mineira de Carangola, onde uma mobilização popular buscou salvar o jequitibá da cidade, que, após incêndio criminoso, ardeu em chamas por onze dias. Bombeiros trabalharam sete dias para conter o fogo, que consumiu o interior do tronco, formando uma cratera dentro da qual a equipe da Polícia Florestal circulava facilmente e onde caberiam mais de dez pessoas. Este exemplar era considerado a árvore mais antiga do Brasil. O "Jequitibá de Carangola", como era chamado, não resistiu e morreu no início de 2000, após 1 500 anos de resistência.
Jequitibá milenar em Carangola, em Minas Gerais, no Brasil.
 
Outra aparição dessa árvore se deu em um episódio do programa infantil "Cocoricó", produzido pela TV Cultura de São Paulo. Júlio, um dos personagens principais, vê um jequitibá pela primeira vez e, admirado com o tamanho da árvore, decide plantar, na fazenda onde mora, uma semente que havia encontrado na base de seu tronco. Quando Zazá, uma das galinhas da fazenda, alerta Júlio quanto ao tempo que um jequitibá leva para crescer, ele responde: - "não tem problema, eu posso esperar, com certeza".

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Um jequitibá de 3 mil anos... ? ...e a difícil copa da obra do filósofo

por Rubem Alves - agosto 2011

 http://revistaeducacao.uol.com.br/textos/168/artigo234931-1.asp

 A Maria Antônia é pessoa querida, faz versos lindos que sempre cito. O seu livro Terra de Formigueiro (Papirus) é um presente gostoso para uma pessoa amada. Ela me escreveu colocando duas fotografias dentro do envelope. A primeira era uma árvore gigantesca, fotografia tirada de baixo para cima, jequitibá rosa, do Parque Vassununga, perto de Ribeirão Preto. Atrás, informações técnicas: altura, 400 metros; idade, 3 mil anos. Escrevi para ela:
"Olha, gosto de acreditar em portentos, achei o jequitibá fantástico, tão fantástico que escrevi o nome dele todo em maiúsculas, não devia ser escrito na horizontal, mas na vertical, em virtude de sua assombrosa ereção. Agora, acreditar que ele é da altura do Pão de Açúcar, 400 metros, isso é um pouco demais para a minha incredulidade, nem o apóstolo Tomé acreditaria, muito embora para Deus tudo seja possível. Três mil anos de idade é tempo pra xuxu, mil anos antes do nascimento de Cristo... Mas não espalhem a notícia, não, pois há o perigo de que comecem a dizer que chá de casca do jequitibá é o segredo da longevidade e da potência permanente, e isso seria o fim do jequitibá" .
A segunda era um cartão postal de uma exposição em homenagem ao Monteiro Lobato em que aparece uma foto do meu filósofo mais querido, Friedrich Nietzsche e, em cima dela,  uma frase de Lobato sobre ele, tirada de uma carta datada de 24/08/1904. Aí continuei a carta para a Maria Antônia:

"Portento maior que o jequitibá achei a fotografia de Nietzsche com a frase do Lobato. Imaginar que Lobato tivesse conhecimento desse filósofo desconhecido, morto em 25 de agosto de 1900! A frase dele me deixa pasmo: "Ele é isso. Corre na frente com o facho, a espantar todos os morcegos e corujas e a semear horizontes". Nietzsche, sim, era jequitibá alto, faz muito tempo que estou subindo pelos seus galhos e nunca chego ao alto, dizia ele que construiria seu ninho na árvore Futuro, e que ali, na solidão, as águias lhe trariam alimento nos seus bicos!

A frase de Lobato me deixou pasmo primeiro por ele ter lido Nietzsche naquela data. Segundo, porque de Nietzsche os leitores e intérpretes falaram as maiores barbaridades. Leitores e intérpretes, inclusive eu, são um perigo. Nunca acreditem neles. A razão para isso é simples. O próprio Nietzsche explicou: "Ninguém consegue tirar das coisas, incluindo os livros, mais do que aquilo que ele já conhece. Pois aquilo a que alguém não pode chegar por meio da experiência, para isso ele não terá ouvidos". Isso nada tem a ver com erudição. Os eruditos não o entendiam. Um erudito professor da universidade de Berlim, após ler seus textos, sugeriu que ele parasse de escrever como escrevia porque ninguém se interessava por aquilo que ele escrevia.

Mas Lobato o entendeu. Se não tivesse entendido não teria escrito o que escreveu. O Riobaldo sabe o segredo do entendimento. "O senhor mesmo sabe. E, se sabe, me entende."  

Rubem Alves Educador e escritor rubem_alves@uol.com.br

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