domingo, 31 de maio de 2015

"o amor sempre foi para mim a maior das questões; ou melhor, a única" - Stendhal


"Ernestine" pode ser traduzido em um relato no qual se examina o amor em si, seu nascimento e desenvolvimento, decompondo o processo em etapas, numa abordagem empírica rigorosa. Todavia, antes de romancista, Stendhal sempre foi um homem, e um homem movido pela paixão. Citando-o: "o amor sempre foi para mim a maior das questões; ou melhor, a única".Editora Hedra

 https://www.hedra.com.br/livros/ernestine-ou-o-nascimento-do-amor

*enviado pelo amigo José Carlos pelo Facebook

ASSISTA : OSSADAS DA VALA CLANDESTINA DE PERUS , DE 1970 A 2015

 ASSISTA - acesse : http://jornalggn.com.br/noticia/assista-%E2%80%9Cossadas-da-vala-clandestina-de-perus-de-1970-a-2015%E2%80%9D#.VWtna2SYEi0.gmail



Depois de mais vinte anos e uma articulação em todos os níveis, prefeitura, governo federal, universidade, MPF e profissionais estrangeiros tentam dar respostas a desaparecidos políticos; o GGN acompanhou esse processo e produziu um documentário

Jornal GGN - Vinte e cinco anos se passaram desde que as ossadas de desaparecidos políticos da ditadura brasileira (1964-1985) foram encontradas na vala clandestina de Perus, no cemitério Dom Bosco, na zona norte de São Paulo. No ano passado, os resquícios dos mortos pela ditadura começaram a receber a devida investigação, após períodos de negligência. Esse importante capítulo de correção histórica e de marco na antropologia forense mundial foi acompanhado pela equipe GGN, resultando na produção do documentário “Ossadas da Vala Clandestina de Perus, de 1970 a 2015”, lançado neste sábado (30), no Espaço Itaú de Cinema Frei Caneca, em São Paulo.
A partir de agora, o GGN disponibiliza o documentário, na íntegra. Acompanhe:(...)
LEIA NA ÍNTEGRA EM:
http://jornalggn.com.br/noticia/assista-%E2%80%9Cossadas-da-vala-clandestina-de-perus-de-1970-a-2015%E2%80%9D#.VWtna2SYEi0.gmail





 https://www.youtube.com/watch?v=6NIGV3Mbrbg


http://jornalggn.com.br/noticia/assista-%E2%80%9Cossadas-da-vala-clandestina-de-perus-de-1970-a-2015%E2%80%9D#.VWtna2SYEi0.gmail

*enviado pela amiga Elenice Rosa


...MONOCRÁTICA ..... mais de 80 dias de greve quase geral dos professores do estado de São paulo


Alckmin toma atitude "monocrática" e coloca o STJ no meio, diz a presidenta da APEOESP para o Heródoto Barbeiro....opa, parece que ela não soube se expressar muito bem, a decisão lá no STJ é que NÃO foi monocrática!!??.....

...enfim, ninguém mais se entende, o "pobre" governador está mais perdido do que cego em tiroteio e nem a mão que poderia lhe afagar a fronte, o STJ, não sabe o que fazer.
O duro é que a greve está se enfraquecendo(palavras da presidenta da APEOESP, instituição que nunca resolveu nadinha por aqui)... por conta destas ameaças torpes de descontos de vencimentos!

Afinal, um povo tonto, só merece governadores piores que ele!!

Nadia Gal Stabile - 31 de maio de 2015

*nem precisamos ler estas novelas todas abaixo, porque já sabemos como isto terminará.

dia 13 05 2015

dia 20 05 2015

 veja mais aqui 

dia 30 05 2015




http://www.redebrasilatual.com.br/trabalho/2015/05/apeoesp-responde-a-alckmin-governo-quer-derrotar-os-professores-7832.html

http://www.redebrasilatual.com.br/trabalho/2015/05/tribunal-de-justica-de-sp-manda-alckmin-pagar-os-dias-parados-em-greve-dos-professores-666.html

http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2015/05/stj-autoriza-desconto-de-dias-parados-de-professores-em-greve.html

http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/2015-05-20/alckmin-ganha-na-justica-e-podera-descontar-salarios-de-professores-em-greve.html



el paredon

arte de Angeli

aahhhh o paredão!
meu finado pai colocaria muitos no paredão hoje
teve um  brasileiro traficante que morreu no paredão 
na Indonésia outro dia, não, foram dois...
paredões há em toda parte
aqui no Brasil os paredões são "virtuais"... televisivos
mas muitos que se equilibram 
em muros dizem que aqui 
nunca poderá haver paredões!

paredão ! para os que praticam 
crimes contra o povo,
estes é que são os verdadeiros 
criminosos hediondos!

nadia gal stabile - 31 05 15





área de não fumantes é nos quintos dos infernos



área dos honestos otários também é nos quintos dos infernos
se você devolve o troco a mais, o funcionário do 
mercadinho te olhará torto por muito tempo...
o vizinho da esquerda, o da direita, o do prédio em frente, 
abrem suas janelas e lá exercem o direito de seu vício 
eu abro as janelas para arejar a casa e respiro 
um ar cheio de nicotina e de outros venenos

área de não fumantes e honestos otários é nos quintos dos infernos.

nadia gal stabile - 31 de maio de 2015

Ocupação Jardim União: Na zona sul, uma pequena cidade autônoma








Por Henrique Santana
Fotos: André Zuccolo


O Jardim da União está há um ano e meio no distrito do Grajaú, zona sul de São Paulo. Com 820 famílias distribuídas em quatro quadras, a ocupação se tornou uma pequena cidade autônoma. Com a falta de políticas do Estado, o número de famílias dobrou no decorrer do último ano. Hoje, conta com educação própria, reciclagem e agricultura.
A caminhada das famílias passou por uma violenta reintegração de posse em uma ocupação localizada no Itajaí, também no Grajaú, em setembro de 2013. Sem teto e sem terra, as cerca de 200 famílias que perderam os barracos – destruídos pela Tropa de Choque – passaram a ocupar o terreno do Varginha e fizeram o batismo: Jardim da União.
Mesmo com a função social que exerce, o Jardim da União pode sofrer reintegração de posse a qualquer momento. O terreno, ironicamente, pertence ao CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo), empresa do governo estadual responsável pelo desenvolvimento urbano e de habitações populares para pessoas de baixa renda. As autoridades alegam que a ocupação se localiza em área de manancial e, por isso, deve ser desocupada.

Leia também: Em pé de guerra, Jardim União resiste à reintegração de posse

Educação é nóis que faz
A creche “Filhos da Luta” foi a mais recente construção dos moradores, realizada em outubro (12) do ano passado e inaugurada no dia das crianças. A tarefa de cuidar dos mais novos é divida entre quatro mulheres, duas fazem o trabalho no turno da manhã e as outras duas à tarde.(...)

leia na íntegra em :  http://revistavaidape.com.br/blog/2015/04/ocupacao-jardim-uniao-na-zona-sul-uma-pequena-cidade-autonoma/







Por Thiago Borges (texto e fotos)

O dia virou noite no Extremo Sul de São Paulo. A chuva ameaça cair após intenso calor, mas as gêmeas Raíssa e Rayane, de três anos, não se importam com os trovões e brincam na terra sob o olhar do pai Genildo Tavares dos Santos, 57. Ele apressa as pequenas para ir embora, afinal ventos e raios podem destelhar o barraco e queimar os poucos eletrodomésticos.
As incertezas trazidas pelo clima não são as únicas que angustiam Genildo. Como ele, desde dezembro mais de 800 famílias sem teto aguardam decisão judicial sobre o futuro do Jardim da União, uma ocupação por moradia localizada no distrito do Grajaú.
Até oito meses atrás, Genildo morava com a mulher, as gêmeas e outros dois filhos no Jardim Iporã, bairro vizinho à ocupação, onde teve “sorte” de alugar um quarto-e-cozinha por R$ 250. Em geral, o aluguel de dois cômodos não fica por menos de R$ 400 na região, que está entre as campeãs da especulação imobiliária.
Entre janeiro e novembro de 2013, o valor do metro quadrado subiu 4,95% em 112 bairros da cidade de São Paulo, segundo o ZAP Imóveis. As maiores altas foram registradas em bairros periféricos. Com aumento de 20,86% no período, o Grajaú ficou em terceiro lugar nesse ranking, atrás apenas de Sapopemba (22,40%) e Jaraguá (23,82%).
O aperto no orçamento e a derrubada da tarifa do transporte nas manifestações de junho de 2013 motivaram milhares de moradores a ocupar mais de 20 terrenos ociosos, segundo movimentos da região. Poucas ocupações resistiram às reintegrações de posse, entre elas o Jardim da União, que sofreu cinco despejos violentos.
Após diversos protestos da periferia ao centro, o povo dessa ocupação conseguiu suspender novas desocupações durante 2014. A área pertence à Companhia de Desenvolvimento Habitacional Urbano (CDHU) e já seria destinada à construção de moradias populares.(...)
leia na íntegra em : 
https://periferiaemmovimento.wordpress.com/2015/01/21/reportagem-ocupacao-no-grajau-tem-creche-biblioteca-e-cooperativa-mas-corre-risco-de-despejo/



















http://revistavaidape.com.br/blog/2015/04/ocupacao-jardim-uniao-na-zona-sul-uma-pequena-cidade-autonoma/

https://periferiaemmovimento.wordpress.com/2015/01/21/reportagem-ocupacao-no-grajau-tem-creche-biblioteca-e-cooperativa-mas-corre-risco-de-despejo/

*enviado por Homero Mattos Jr do blog Passalidades Atuais  
 https://www.facebook.com/PassalidadesAtuais

NELSON FREIRE - DOCUMENTÁRIO (COMPLETO)








Nelson Freire - Documentary (Complete)

https://www.youtube.com/watch?v=rpdoE7iWbJk





*neste documentário, Nelson Freire diz que admira muito Erroll Garner 

35 MINUTES of Erroll Garner LIVE in '64! 

https://www.youtube.com/watch?v=UYS1QMorSxg


 

EM BUSCA DA MEMÓRIA PERDIDA - Otávio Martins Amaral

Pietá, de Michelangelo, 1499


EM BUSCA DA MEMÓRIA PERDIDA

Otávio Martins


Todos olhavam para ele consternados; abraçavam-no sem mesmo dizer qualquer palavra, apenas para confortá-lo e para que se sentisse amparado naquele momento tão grave e delicado da sua existência, já fragilizada pelos anos.

Ele não tinha o olhar triste; perdido, sim, transcendia a figura da mulher que estava sendo velada e que, agora, nos últimos momentos daquele ritual, era chegada a hora de fechar o caixão, o qual, logo a seguir, seria levado para o seu sepultamento.
Apertando-lhe contra si, ao passar o braço direito pelas suas costas, num gesto claro de proteção, o homem, bem mais jovem que ele, tinha o ar abatido e tristonho. Não obstante, esforçava-se para confortá-lo.
Certamente que alguma coisa ia mal com a sua memória, isso ele já havia percebido. Não poderia estar ali, naquela condição, sem mais nem menos. Precisava ir à busca do fio da meada, o qual, possivelmente, o ajudaria a desvendar qual o seu papel naquele triste acontecimento. O féretro, sobre um carrinho, era conduzido, logo à sua frente, por um funcionário do cemitério. O homem que lhe abraçara fortemente lá na capela, antes de fecharem o caixão, permanecia ao seu lado, tendo, agora, os olhos vermelhos, denunciando que havia chorado durante aquele breve intervalo.
Assim, de repente, viu-se, lá num canto das suas lembranças, sentado, vestindo um longo sobretudo azul-marinho, de fino acabamento; um gorro de tecido de lã, cinza, que também servia para cobrir os primeiros sinais da sua calvície. O banco em que estava sentado ficava localizado bem no meio de uma daquelas veredas da praça. Do outro lado, no banco em diagonal ao seu, reconheceu o sujeito que comia um lanche caseiro, rodeado por uma porção de pombos que esperavam as migalhas que por ventura caíssem ou que fossem atiradas. Lembrou, ainda, que o sujeito havia trabalhado, por muito tempo, no estacionamento, ao lado da alfaiataria do seu pai. A alfaiataria tinha uma ótima freguesia, o que exigiu afinada capacitação profissional de seus cinco ou seis funcionários. A mulher que estava ao seu lado, entretanto, não tinha o rosto nítido ao ponto de que ele pudesse identificá-la. Ainda que muito tivesse se esforçado, não teve jeito; não saberia dizer quem era, apesar de estarem ali juntos. O sol amenizava o frio naquele grande cenário de muitas árvores; talvez fosse o fim de um outono qualquer, ou comecinho do inverno.
Ao passar por um enorme jazigo – provavelmente de alguma família muito rica – avistou a estátua, em mármore, fixada sobre o teto, a qual dava à construção um aspecto pomposo, até exagerado, mesmo para a representação à qual se destinava. Mas, a estátua, ainda que fosse uma réplica, não perdia, por isso, a sua importância. Impossível passar por ali sem se dar a devida atenção àquela peça que, agora, o reportava à Renascença Italiana, de Michelangelo, com a sua Pietá. Apesar do grave momento, experimentou uma ponta de satisfação, lembrando, até, que a Pietá fora encomendada por um cardeal francês, para a Capela dos Reis de França, localizada na Basílica de São Pedro, por volta do ano de 1500.
Como poderia ter esquecido?
Os trabalhos em escultura eram a sua vida. Depois que o seu pai morreu, ficou com a imensa casa, uma construção antiga, de um amplo jardim, pelo qual costumava ir espalhando as suas esculturas, lugar onde passava a maior parte do tempo. Logo a seguir, já estava iniciando uma peça de grandes dimensões; lá do alpendre, bem distante, a mesma mulher da praça acenava para ele, em trajes de passeio, parecendo que o avisava estar de saída ou, apenas, se despedindo. Aqueles gestos que pareciam de intimidade ou convivência – sentiu essa sensação – lhe davam mais ânimo e inspiração para cada novo trabalho.
Enquanto se preparava para iniciar o entalhe, o menino corria, junto a um cão labrador, por várias partes do jardim, demonstrando muita segurança, talvez pelo simples fato de sentir a sua proximidade. Ele não poderia “parar” ali, precisava ir em frente às suas redescobertas. Nem tempo para saber o que estaria reservado àquela enorme peça bruta de mármore.
Quando o carro que levava o féretro virou à esquerda, numa daquelas avenidas do interior do cemitério, pressentiu que o local do sepultamento estava próximo. Era preciso ser mais rápido na revisitação às suas lembranças, sob pena de não conseguir identificar-se direito, tampouco a mulher que iria ser sepultada dentro de alguns instantes.
Durante o breve percurso permaneceu calado. O gorro de lã, escuro – do mesmo tipo daquele que estava usando naquela tarde fria lá na praça – servia para protegê-lo do frio e de um vento persistente e um pouco forte naquele triste e cinzento final de tarde, acentuando ainda mais os seus cabelos compridos, totalmente brancos e ralos, os quais denunciavam que teria a idade aí por volta dos oitenta e cinco anos, ou até mais. Em questão de alguns passos, a memória, que se ia restabelecendo, continuava levando-o a reviver outros fatos, passados em diferentes épocas.
A mulher que caminhava de braços dados com o sujeito que tinha o outro braço sobre os seus ombros não tinha um rosto totalmente desconhecido, mas, tampouco, que lhe pudesse parecer familiar. Talvez não fosse de uma estranha, porém, nada que lhe provocasse a sensação ou a impressão de que fosse alguém que gozasse de sua intimidade ou, mesmo, de sua convivência.
Preferia caminhar olhando para frente. Era assim que a sua memória apresentava várias cenas que se iam revelando no decorrer do trajeto pelo qual o corpo da mulher estava sendo levado. Não havia tempo a perder. Era preciso aproveitar ao máximo todas as informações que pudessem ajudá-lo a identificar a morta e, também, o porquê de estar li, naquela condição, dando-lhe a impressão de ser um dos principais atingidos por aquele melancólico acontecimento.
Avistou bem lá na frente, junto à parede da direita, os dois coveiros que, sobre um andaime, faziam os últimos preparativos numa daquelas gavetas, a qual ficava na fileira do meio, não muito alta. Somente naquele local havia algum movimento e a presença daqueles dois trabalhadores; eram sinais de que - quase certeza - ali a mulher seria sepultada. Ficou um pouco aflito ao perceber a distância que, agora, estabelecia, a olhos vistos, o curto prazo que teria para decifrar todo o mistério em que se sentia envolvido.
O funcionário do cemitério que ia conduzindo o carrinho que carregava o esquife procurava ir numa velocidade bem lenta, dando a impressão que assim o fazia, somente para que ele, com seus passos quase arrastados, pudesse acompanhá-lo de perto. Mesmo assim, sabia que travava uma luta desesperada contra o tempo. Por mais que ele tentasse atrasar o ritmo do acompanhamento, o enterro estava em seus últimos momentos; isso era certo. Outro ponto que o dificultava, era a maneira como as suas lembranças se apresentavam. Não surgiam numa ordem cronológica. Por vezes, voltavam a uma época remota para, a seguir, saltarem para um tempo cá na frente. A essas alturas, ainda que algum fato pudesse despertar a sua curiosidade, procurava não se deter nos detalhes; bastava-lhe entender o significado principal de algum acontecimento, e pronto. Talvez num outro momento viesse a ter a oportunidade de relembrá-lo com mais calma, podendo, assim, dedicar-lhe melhor atenção.
Ao chegar a casa com um automóvel que conseguira comprar depois de muito economizar, estavam a lhe esperar, uma mulher e um jovem, debruçados sobre o portão da frente. Época em que o automóvel era uma raridade. Encostou-o em frente a casa, desceu e, logo a seguir, dirigiu-se aos dois; entregou as chaves para o rapaz que, imediatamente, a passos ligeiros, depois de se falarem qualquer coisa, foi em direção ao veículo. A seguir, colocou o braço sobre os ombros da mulher e se dirigiram ao interior da casa. Não deu pra ele saber se haviam entrado para comemorar; a porta foi fechada logo em seguida.
E essa lembrança, agora? Nem mesmo em outros tempos havia recordado daquilo. A mulher aparecia de mãos dadas com ele, naquela mesma praça, trazendo de casa uma sacolinha de tecido, cheia de farelos de pão e sobras de outros alimentos para jogá-los aos pombos, que eram, sempre, em grande quantidade. Percebeu que assim o faziam, seguidamente, como um bom motivo para mais um passeio pela praça.
Outra vez a memória com as suas manobras, brincando com o curso do tempo. A mulher que estava do outro lado do homem que o amparava nos últimos instantes daquele cortejo fúnebre, aparecia bem mais jovem, vestida de noiva, numa festa em sua casa, com muitos convidados, cuja maioria passeava pelo jardim admirando as suas esculturas. Depois, na hora de cortar o bolo, tinha ao seu lado o mesmo homem que ali estava entre os dois. Ele e a mesma mulher daquelas outras aparições - felizes - postados ao lado dos noivos. Aquela mulher – não precisaria mais de outras revelações – era a sua esposa. Aos seus lados estavam o seu filho e a sua nora. Não poderia haver mais dúvida.
Quando, por fim, os coveiros retiraram o caixão de cima do carrinho e o descansaram na extensão do andaime, antes de colocá-lo, cuidadosamente, na gaveta, ele irrompeu num choro baixinho, sem causar qualquer preocupação ou admiração em nenhuma daquelas pessoas, as quais, ele percebera, procuravam ajudá-lo a transpor aquele momento tão difícil e único. Chorou por mais alguns minutos, aliviado por ter conseguido se despedir da sua companheira, de mais de cinquenta anos, com toda a lucidez. 


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https://www.facebook.com/otaviomartinsescritormusico
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