quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Caçadores da Inflação


Caçadores da Inflação


Carlos A. Lungarzo


Há uma frase que o candidato pela aliança de ultradireita liderada pelo PSDB usa quase tanto como “é mentira”. É esta: “vamos acabar com a inflação”.
Tão forte como essa, é sua preocupação com o aumento da produção e, eventualmente, como atitude cerimonial, está sua promessa de que manterá o valor de salário e o índice de emprego.
Num dos programas de TV, ele disse que pensa diminuir a inflação para 3% mensal.
O que ele provavelmente no apreendeu em seu curso de Economia, é que estas variáveis não são independentes. Inclusive, algumas estão relacionadas com outras de maneira não unívoca, e, por sua vez, dependem da estrutura geral da economia de um país moderno.
Ou seja, as variáveis
1.   Inflação
2.   Juros de empréstimos
3.   Produção
4.   Desemprego
5.   Nível de salário
...não apenas mantêm relações entre si (que são, além disso, objeto de debate entre os especialistas), mas dependem, geralmente de maneira indireta, de outros fatores:
Nível de poupança dos atores econômicos
Expectativas de inflação
Hábitos da cidadania quanto a economia (poupar, investir, gastar, etc.)
Tamanho da economia (em unidades de PIB)
Interações externas.
Dívida, déficit, superavit, etc;
Para diminuir a inflação sem afetar o desemprego, é necessário fixar limites pré-testados. Não basta propor ao acaso um número. Vejamos dois exemplos:
JAPÂO
Em agosto deste ano, a inflação em Japão estava a 3,29 %
A taxa de desemprego mensal por enquanto, se manteve entre 3,5 e 3,7%.

SUÍÇA
Em setembro, o desemprego era 3% e a inflação 0,1

Observe que ambos são países muito desenvolvidos, com economias historicamente muito estáveis, onde parece possível manter a demanda e a oferta aproximadamente equacionadas.

Mas se você olhas os casos da União Européia, que aparecem nos jornais, e às vezes por rádio ou TV, verá que os índices de desemprego são bem maiores que os do Brasil.
É verdade que a inflação é menor que no Brasil, mas, o que aconteceu:
Você consegue uma taxa de inflação muito baixa, cortando emprego. Isto acontece aliás no curto prazo. No longo prazo (segundo as interpretações dos próprios neo-liberais da curva de Phillips) pode acontecer que você tenha inflação e desempregos juntos.
A redução da inflação a 3% pode significar, no Brasil atual, aumentar o desemprego, que agora é aproximadamente de 5%. Ele pode passar a um valor entre 12 e 16%.

Ao votar, este domingo, peço que se faça a si mesmo esta pergunta.

“O que é melhor para mim e a minha família:
Conservar meu emprego e agüentar uma inflação de 4 a 7% por mês,
Ou ter uma inflação entre 2% e 4%, mas ESTANDO DESEMPREGADO ”


Se você não tiver outras razões para negar seu voto aos coronéis abutres, pense, pelo menos QUE ESTA PODE SER UMA RAZÃO. 

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