terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Jornal Folha e Prefeitura do Rio - Imagem não é tudo

Começo este meu texto, pedindo para que imaginemos a seguinte
cena :
Vou eu ao supermercado comprar alguns pãezinhos para o meu café
matinal
Chegando lá, e passando pela gôndola onde ficam expostas as bolachas,
eis que me interesso por uma em particular
Como qualquer outra pessoa no meu lugar faria, pego o pacote em
questão, para melhor avaliar o produto. Porém, depois de alguns
segundos de avaliação, por alguma razão que nem vem ao caso, decido
não comprar a tal bolacha, e novamente a coloco em seu lugar
Então sigo até a padaria do mercado, compro meus pães, e vou embora

Mas, na manhã do dia seguinte, ao passar em frente a banca de jornais
de um jornaleiro amigo, acabo sendo surpreendido por uma indagação
do mesmo :
- Marcelo, era você na foto do jornal ?
De imediato, penso ser algum tipo de brincadeira;
- Como assim, minha foto estampada em um jornal ?
- Tá de brincadeira comigo, meu camarada ?
- Claro que não, Marcelo, mas se não é você, só pode ser um irmão
gêmeo
Bem, lá vou eu dar uma olhada neste "irmão gêmeo"
Mas, eis então que, pasmem, sou eu mesmo !
Segurando um pacote de bolacha e sob o seguinte título;
"Flagrante de furto em supermercado"
Ora, alguém me clicou justamente quando o pacote estava em minha
mão. Porém, o que a imagem não mostra, é que em seguida, aquele
pacote voltou para a gôndola, seu lugar de origem, e que sai
do mercado apenas com os pães, devidamente pagos

Pois bem, esta cena absurda que acabei de descrever, foi para
tentar ilustrar uma matéria que li no jornal Folha de São Paulo que,
categoricamente, acusa de desvio, ou furto, funcionários que
trabalham em um terreno onde os entulhos dos prédios que desabaram
no Rio estão sendo colocados

As imagens mostram os funcionários manuseando objetos encontrados
entre os entulhos - principalmente papéis - agora, uma coisa ficou
clara; nenhum deles foi flagrado colocando objeto algum dentro do  bolso, 
debaixo da blusa, da calça, escondido entre as meias, botas ... enfim

Como podemos ler na própria matéria, o jornal diz que estas pessoas
MANUSEAVAM os objetos e GARIMPAVAM o entulho - ou seja, desde
quando os termos manusear e garimpar, são sinônimos de furto ?

Mas a questão é que estas pessoas foram acusadas de um crime
e, infelizmente, a própria prefeitura do Rio de Janeiro, por meio de
uma nota, e pelo que entendi, baseada apenas nas imagens divulgadas
pelo jornal que, repito, não provam nada, tratou de repudiar a ação
destes funcionários e, publicamente, e sem que tivessem direito a defesa, 
os condenou, dizendo  que quatro  deles já foram identificados  através 
das fotos, e serão demitidos

Bom, como o trabalho de separação dos objetos pertencentes às vitimas 
do desabamento estão sendo feitos, não sabemos ao certo,
e nem se a colocação destes entulhos naquele local, garantem
que possíveis bens que ainda estejam  ali, possam ser preservados
com segurança, mas uma coisa é certa, acusar alguém de um crime,
e, pior, condena-lo sumariamente, sem as devidas provas, é um ato
gravíssimo, ainda mais quando estas pessoas têm suas imagens expostas 
em um jornal de grande circulação

Todo este episódio é lamentável, e esperamos que a justiça, de fato,
seja feita, através de todo um processo cauteloso, onde todo
e qualquer indivíduo, seja considerado inocente, até que se prove
o contrário

E apenas para finalizar, quanto a fictícia estória do pacote de bolacha,
processei o jornal pela absurda distorção dos fatos, e nem preciso
dizer que ganhei a causa

Marcelo Roque

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