terça-feira, 30 de novembro de 2010

DIA 4 DE DEZEMBRO ÀS 19 HORAS, VIGÍLIA PELO PLANETA NO TRIANON, AVENIDA PAULISTA - CIDADE DE SÃO PAULO - MOVIMENTO AQUECIMENTO GLOBAL - I CARE. EU ME IMPORTO!!


VENHA
PARTICIPAR DA NOSSA VIGÍLIA COP16 PELA SOLUÇÃO DA CRISE CLIMÁTICA E POR
ENERGIAS LIMPAS- NESTE SÁBADO DIA 4- APÓS AS 19HS.




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ENTRE O DIREITO E A ILEGALIDADE MANDA O ESTADO FARDADO


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O interessante é que a ordem de intervenção nos morros e favelas cariocas – através do apoio explícito da Marinha, Exército e Aeronáutica - contou com o assentimento, a ordem, do Ministro da Defesa, Nelson Jobim, que é famoso como defensor da Constituição. Mas também está ficando famoso por outros motivos, como atacar o Plano Nacional de Direitos Humanos – 3 (PNDH-3) e comandar, atualmente, as forças brasileiras - autodenominadas de “Forças de Paz” – que invadiram o Haiti em 2004 e estão lá até hoje à revelia da vontade soberana do seu povo.

     A invasão do Haiti, todos sabemos que fez parte da política de boa vizinhança de Lula com os Estados Unidos, uma espécie de sinal de que o Brasil continua sendo um aliado fiel, embora já não seja mais um país oficialmente dominado pelas Forças Armadas e sim um Estado democrático. Ou seja: um país onde o povo vota regularmente.

     Quanto aos ataques do ministro Jobim ao PNDH-3, é resultado da necessidade de encobrir os crimes das Forças Armadas durante o que foi chamado, eufemisticamente, pela imprensa dominante, de “período de exceção”.

     Muitas pessoas que não conseguem se acostumar com mentiras oficiais, ou que desconfiam das verdades oficiais, gostariam de saber exatamente o que aconteceu naquela época da ditadura militar. Assim como já está sendo feito na Argentina, por exemplo, com punição para os culpados, como deve ser no que entendemos uma democracia. Mas no Brasil não é possível. Permanecem as verdades da ditadura militar, como se ainda fossemos governados pela Forças Armadas, ora vejam!

     É claro que o governo democrático do senhor Lula da Silva, tão amigo dessas forças tão armadas a ponto de ceder a pressões e fazer um acordo militar com os Estados Unidos, já está no fim, faltando apenas um mês para Lula passar o governo para a sua digna sucessora, e transformar-se em abóbora.

     Mas, como na maioria dos aspectos do seu governo de oito anos, o fato de Lula ter aceitado servilmente os argumentos do ministro Nelson Jobim e recuar sobre o Plano de Direitos Humanos, com medo das reações das Forças Armadas é um sintoma de provável torpor das forças civis ante os adestrados soldados que lutam heroicamente contra o povo haitiano. Pela paz, é claro.

     Pois agora surgiu a necessidade de assumir o controle da maioria dos morros e favelas cariocas. Vem aí a Copa de 2104 e as Olimpíadas de 2016 e o Rio de Janeiro deve voltar a ser o cartão-postal do Brasil. A desculpa é a luta contra o narcotráfico. Melhor: contra os narcotraficantes. Não é uma tentativa de eliminação das drogas ou do vício que elas causam, mas ficou claro que é, principalmente, uma reconquista de território.

     Para que isso acontecesse sem maiores traumas por parte da população favelizada foi criada toda uma estratégia de mídia – Rede Globo & Cia. – para fazer do BOPE (Batalhão de Operação Especiais) - e demais forças policiais - de um órgão odiado por significantes parcelas da população mais pobre no nobre defensor das comunidades excluídas. Além da propaganda midiática intensiva foram utilizadas as chamadas “redes sociais”. E, como uma espécie de preparação de terreno, os dois filmes do Zé Padilha, que defendem a ação fascista como uma forma de combater o “mal”. O povo, acostumado com os enlatados norte-americanos, adorou. O capitão Nascimento virou herói.

     E invadiram as favelas da maneira mais descarada e inconstitucional possível. O povo acostumado a ter os seus direitos ultrajados diariamente, não só pelos bandidos, como pela polícia e pelas milícias, acha tudo muito natural. O Bem está lutando contra o Mal, Batman derrota o Coringa.

MILÍCIAS, BOPE, CORE... E SUAS CHACINAS

     As operações policiais, bem como as invasões, são apresentadas, cinicamente, como uma "ocupação pacificadora". Isso ficou ainda mais evidente diante de um estudo do Instituto de Ciências Policiais da Universidade Cândido Mendes Paulo Storani, que revelou que longe de serem controladas pelo tráfico, as favelas são em sua grande maioria controladas pelas milícias paramilitares.

     De acordo com o documento, cujos dados foram obtidos por meio das informações de líderes comunitários e da própria Delegacia de Repressão ao Crime Organizado da Polícia Civil do Rio de Janeiro (Draco), "os grupos formados por policiais militares e civis, bombeiros, agentes penitenciários, aposentados e da ativa ocupam hoje mais territórios do que as grandes facções do narcotráfico no Rio. Na lista das 250 principais favelas pesquisadas (estima-se que na capital são mais de mil), 100 são controladas pelas milícias, 84 pelo Comando Vermelho, 35 pelos Amigos dos Amigos e 31 pelo Terceiro Comando Puro" (Estadão, 11/11/2010).

     No segundo filme de Zé Padilha – “Tropa de Elite-2” – o capitão Nascimento, mesmo continuando fascista torna-se herói ao denunciar as milícias, e o BOPE passa a ser adorado pela população. Mas o BOPE é especialista em chacinas e o povo tem memória curta.

     O jornal A NOVA DEMOCRACIA http://jornalanovademocracia.blogspot.com/2008/05/chacinas-policiais-nas-favelas-do-rio.html, na edição de 6 de maio de 2008, denuncia:

      “Em Bangu, dia 3 de abril, a polícia invadiu as favelas da Coréia e da Vila Aliança e matou pelo menos 12 pessoas. A chacina, que durou quase metade do dia, teve a participação de várias delegacias, entre elas a CORE (Coordenadoria de Recursos Especiais). De acordo com a diretora da creche comunitária da favela da Coréia, que ficou com medo de se identificar, crianças e educadores foram surpreendidos quando chegaram ao local antes das 7h da manhã e se depararam com uma base da polícia montada dentro da creche.

     “Dias depois da invasão, uma senhora foi até a Ordem dos Advogados do Brasil com a carteira de motorista, carteira de trabalho e contra-cheque do filho de 31 anos, executado pela polícia. De acordo com Margarida Pressburguer, presidente da comissão de direitos humanos da OAB, Clecio Amaral de Souza era motorista de vã e saia para trabalhar às 7h da manhã. Por causa do intenso tiroteio Clecio pediu abrigo na casa de um vizinho para se proteger. Policiais em um helicóptero viram Clecio entrando no barraco e ordenaram que policiais, em terra, invadissem o local. Depois de capturado, Clecio foi executado com um tiro na nuca e outro no peito, na frente de uma criança e de um homem, que seria o dono do barraco. O motorista que, mesmo desarmado, foi covardemente assassinado tinha anotações em sua carteira de trabalho desde os 15 anos, a última delas como gari da COMLURB.

     “Na manhã de terça-feira, dia 15 de abril o BOPE invadiu a Vila Cruzeiro, matou 9 pessoas e feriu outras 6. Nos dias seguintes à invasão o BOPE ocupou a favela e montou base no Posto de Policiamento Comunitário (PPC). Os traficantes fugiram para as comunidades vizinhas e os moradores, sem outra opção, seguiram suas vidas normalmente. Porém circular na favela com a presença do BOPE tornou-se um risco de vida iminente. Até agora outras 7 pessoas já foram mortas sem que se saiba a culpa de qualquer uma delas, já que nenhuma investigação foi, nem será feita.

     “Na tarde de sexta-feira, dia 25 de abril, policiais do BOPE invadiram a Cidade de Deus deixando onze mortos e pelo menos 5 feridos. Entre os feridos estavam duas senhoras, Maria José Silva foi baleada no glúteo, no braço e na perna, e Maria dos Anjos Mendes Cruz foi atingida no glúteo. Elas foram levadas para o hospital Lourenço Jorge e liberadas depois um período em observação. Já uma outra senhora, Jozélia Barros Afonso, de 70 anos, não teve a mesma sorte. Ela foi baleada quando estava dormindo e faleceu momentos depois, no hospital. O seu marido, Valdair da Conceição Afonso, era casado há 51 anos com Jozélia e disse ter certeza de que o tiro partiu dos policiais.”

     Dificilmente você encontrará nos jornais da mídia dominante, aliada do Governo, algum relato sobre chacinas policiais. Mas até em outros países as façanhas do “capitão Nascimento” e seus cúmplices fardados estão ficando famosas. O jornal português "INFORMAÇÃO", em sua edição online de 20 de agosto de 2010, em matéria assinada por Marta F. Reis, da Agência Lusa, sob o título “Brasil: mulheres retratam em "Luto como Mãe" chacinas policiais no Rio de Janeiro”, descreve:

     “Com uma câmara na mão, 11 mulheres retratam a dor de ter perdido entes queridos, vítimas da violência policial no Rio de Janeiro, mas também revelam a sua luta pela justiça no documentário “Luto como Mãe”, com estreia hoje no Brasil.

     "Durante 70 minutos, o filme reproduz o rosto feminino da violência armada em crimes cometidos pela polícia que chocaram a opinião pública, como “chacina de Acari”, “chacina da Candelária”, “chacina da Baixada” e outras que caíram no esquecimento.

     “O filme fala de mães que perderam os seus filhos. É a luta para não deixar os casos caírem em esquecimento ou passarem impunes na justiça”, disse à Lusa o jovem cineasta luso-descendente, Luís Carlos Nascimento, que acompanhou de perto durante quatro anos o drama dessas mulheres.

     “É um retrato emocional de mulheres que foram jogadas de forma muito abrupta e não por opção pessoal. Mas que, de uma maneira curiosa, elas saem de um lugar da invisibilidade e passam a ser visíveis e se movimentam fazendo a diferença”, destacou.

     “A luta traz coisas boas, você pode ajudar outras pessoas. Antes eu não era ativista e comecei a ser em 1995 porque o meu irmão sobreviveu à chacina da Candelária”, disse à Lusa Patrícia de Oliveira da Silva, da Rede de Comunidades e Movimento contra a Violência.

     "A chacina da Candelária ocorreu na madrugada do dia 23 de julho de 1993, perto da igreja com o mesmo nome no centro do Rio: seis adolescentes menores e outros dois homens foram assassinados por polícias.

     "Patrícia, que ajudou na criação do filme e também na investigação histórica, contou à Lusa como foi filmar pela primeira vez. “Foi uma experiência muito rica saber que estava a ajudar a construir uma coisa que poderia trazer o debate para todo mundo.” O documentário traz ainda a possibilidade de discutir “a polícia e política nós queremos”.

     "O realizador explica que as mulheres “passaram a documentar momentos em que a câmara principal não estava”. É um olhar “totalmente delas nos factos”, ressaltou, “de uma pessoa que atingiu um ponto de maturidade a ponto de minimizar a dor, sabendo que está a contribuir para que novas mulheres não sintam o mesmo”.

     "Nas cenas do documentário, as mulheres dão os seus relatos: “Fui inspetora, perita, delegada, tudo aquilo que a justiça não quis ser para mim. Eu fui uma mãe”, diz uma das mães vítimas.

     "Outra mãe afirma numa cena comovente: “Não sei se vou conseguir vê-los (os criminosos) atrás das grades. Mas talvez se eu tivesse uma classe social boa, fosse branca e não morasse na favela, já teriam resposta para mim”.

     "Entre 1998 e 2008, mais de cinco mil pessoas perderam a vida em resultado de ações da polícia no Rio de Janeiro. Essas vítimas eram, na maioria, negros, jovens e pobres.

     "Feito em parceria com o Observatório sobre Género e Violência Armada da Universidade de Coimbra e o Centro de Estudos em Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes, no Rio, “Luto como Mãe” foi exibido em antestreia no ano passado em Lisboa."

     O documentário foi produzido por Cinema Nosso, Jabuti Filmes e TVZero, e também exibido em 2009 no Festival Internacional do Rio, além de ter participado no 1º Festival de Cinema Itinerante da Língua Portuguesa – FESTin (Portugal/2010).

     Precisa mais? Então, mais uma. O jornalista e escritor RAUL ZIBECHI, em matéria publicada no site Argenpress - Web site: www.argenpress.info (IRCAMERICAS), posteriormente traduzida e veiculada no jornal virtual DIÓGENES - http://www.diogenes.jex.com.br/ - sob o título “MÃES DE MAIO: A DIFÍCIL DEMOCRATIZAÇÃO DO ESTADO GENOCIDA NO BRASIL”.

     É uma entrevista que o jornalista argentino fez com um grupo de mulheres de São Paulo, intitulado “MÃES DE MAIO”, sobre chacinas ocorridas na Baixada Santista, em maio de 2006, praticadas pela polícia daquele estado. Uma parte da entrevista:

     "Meu filho se chama Edison e tinha 29 anos. Foi morto na rua, tinha ido comprar remédios e por gasolina em sua moto. Vivemos na Baixada Santista, um bairro de trabalhadores em São Paulo. Os policiais o seguiram e o mataram a 500 metros do posto de gasolina. Embora haja contradições nas declarações, o Ministério Público não fez nada e arquivou o caso", disse Débora Maria da Silva, uma mulher de 50 anos, mãe de outras duas filhas.”

     Outro trecho da mesma entrevista:

     “O Estado extermina os pobres e negros favelados por que é mais fácil matá-los do que dar-lhes educação e saúde, porque para eles os pobres sobram. Os rapazes negros são os mais vulneráveis. A política de segurança deste país é uma política de extermínio, eles preferem cárceres a escolas. Aos jovens é aplicada uma figura que é a "resistência seguida de morte", o auto da resistência, que não existe no Código Penal", diz uma Débora politizada pela sua experiência de vida.”

CONSTITUIÇÃO PARA QUÊ?

     No mundo inteiro, através dos veículos de informação não oficiais, que não pertencem aquele poderoso grupo de empresas de comunicação que somente veicula informações vinculadas ao Poder a que servem, o Brasil está famoso - também por suas chacinas promovidas por policiais. Mas a grande maioria do povo brasileiro não sabe de nada disso. Essa maioria está tão dominada mentalmente que somente aceita como verdade o que a mídia dominante disser que é verdade.

     E a mídia dominante disse que a invasão da Vila Cruzeiro, onde foram mortas várias pessoas pelas forças policiais e o cerco e invasão do chamado Complexo do Alemão foram ações legais. Mas diversos artigos da Constituição foram desrespeitados naquelas ações.

1. O Exército, Marinha e Aeronáutica apoiaram a ação da policia, mas a Constituição diz, em seu artigo 142, que

“As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.” Destinam-se à defesa da Pátria.

     Mas os donos do poder sempre acharão um inciso qualquer de uma lei qualquer feita para situações como as que estão ocorrendo nas favelas cariocas. Por exemplo, poderão alegar que aquele trecho: “por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem”, é conveniente para este caso. Mesmo assim, somente com a declaração de estado de sitio ou estado de defesa no Rio de Janeiro. O estado de sitio vem depois do estado de defesa e somente se este se revelar ineficaz. Está previsto no artigo 137 e somente pode ser acionado em caso de comoção grave de repercussão nacional ou declaração de estado de guerra a potência estrangeira. São casos em que as garantias constitucionais são suspensas.

     E no caso de decretação de Estado de Defesa, o Presidente da República e o Conselho de Defesa Nacional teriam de submeter a sua decisão ao Congresso Nacional, que decidiria por maioria absoluta. Teoricamente, estamos numa democracia.

     Qualquer medida sem a participação do Congresso Nacional consiste em fato e não poder assegurado pelo regime Democrático Constitucional brasileiro. E mesmo que tivesse sido decretado o estado de defesa, a sua duração seria, no máximo, por 30 dias. Mas o governador do Rio, Sérgio Cabral, diz que o Exército permanecerá nas favelas por até sete meses. O mesmo governador que disse que “lei e ordem vêm antes dos direitos humanos” - segundo a revista Veja online de 29 de novembro de 2010.

2. As forças policiais que invadiram o Complexo do Alemão estão fazendo uma varredura nas casas dos moradores, mas a Constituição diz, em seu artigo 5º, parágrafos X-XI:

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;

XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;

      Segundo a definição jurídica, encontrada no artigo 150 § 4º do Código Penal, considera-se "casa" qualquer compartimento habitado, aposento de habitação coletiva e também compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade (quarto, oficina, atelier, etc.).

2.1. A polícia está entrando em todas as casas da região, indiscriminadamente, mas há uma lei que diz:

Art. 243. O mandado de busca deverá:

I - indicar, o mais precisamente possível, a casa em que será realizada a diligência e o nome do respectivo proprietário ou morador; ou, no caso de busca pessoal, o nome da pessoa que terá de sofrê-la ou os sinais que a identifiquem;

II - mencionar o motivo e os fins da diligência;

III - ser subscrito pelo escrivão e assinado pela autoridade que o fizer expedir.

§ 1o Se houver ordem de prisão, constará do próprio texto do mandado de busca.

§ 2o Não será permitida a apreensão de documento em poder do defensor do acusado, salvo quando constituir elemento do corpo de delito.

     2.2. E o Código de Processo Civil deixa claro:

Art. 841. A justificação prévia far-se-á em segredo de justiça, se for indispensável. Provado quanto baste o alegado, expedir-se-á o mandado que conterá:

I - a indicação da casa ou do lugar em que deve efetuar-se a diligência;

II - a descrição da pessoa ou da coisa procurada e o destino a Ihe dar;

III - a assinatura do juiz, de quem emanar a ordem.

     3. Estão revistando todas as pessoas do lugar invadido, mas o art. 5º, XV da CFB prevê o direito de ir e vir, a saber:

"É livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens.”

     4. Estão prendendo pessoas “a torto e à direito”, mas a Constituição Federal, em seu artigo 5º, inciso LXI, determina que

“Ninguém será preso a não ser que tenha sido pego em flagrante delito ou exista uma ordem escrita e fundamentada emitida pelo Juiz competente determinando a prisão daquela pessoa, ou seja, exceto nos casos de flagrante (estar cometendo um delito, ter acabado de cometê-lo ou ser pego com o objeto do crime, dando a entender ser o seu autor) deverá ser exibido um mandado de prisão assinado pelo Juiz, em que conste a identificação da pessoa que está prestes a ser detida, e o motivo da prisão.

     Se a prisão ocorrer fora dessas circunstâncias, estará havendo ilegalidade, como na chamada "prisão para averiguação".

     5. Cercaram, intimidaram, ameaçaram e invadiram as favelas e depois se queixaram de que foram recebidos à bala, mas o artigo 21 da Constituição diz:

“Todos têm o direito de resistir a qualquer ordem que ofenda os seus direitos, liberdades e garantias, e de repelir pela força qualquer agressão, quando não seja possível recorrer à autoridade pública”.

     Curioso é quando a ordem provém precisamente de autoridade pública, o que não anula – antes reforça – o direito de resistência.

     E O Código Civil (artigo 6º) fixa um princípio geral de Direito: “a ignorância ou má interpretação da Lei não justifica a falta do seu cumprimento nem isenta as pessoas das sanções nela estabelecidas”.

     Então, o que estamos assistindo é uma total truculência do Estado contra os cidadãos nas favelas do Rio de Janeiro. Em outras palavras – ditadura.

     Pessoas estão sendo baleadas e as suas casas estão sendo invadidas e revistadas – ilegalmente. Pessoas estão sendo paradas nas ruas e revistadas - ilegalmente. Pessoas estão sendo presas como suspeitas de crime – ilegalmente. Pessoas estão sendo mortas pelo Estado.

     Os números até agora, segundo as fontes oficiais:

     50 mortos entre a população civil. 36 mortes de suspeitos registradas pela PM, 7 mortes registradas pela Polícia Civil e 7 registradas pelos hospitais públicos do Rio. 118 prisões, 130 pessoas detidas para averiguação, além de drogas e armas apreendidas.

     E o risível dentro do trágico é que o Estado utilizou 2.600 homens e mulheres das polícias cariocas e do Exército, Marinha e Aeronáutica, com o objetivo de prender cerca de 500 pessoas no Complexo do Alemão, sendo que, segundo a imprensa, para essas 500 pessoas tinham sido lavrados 100 mandados de prisão. E os supostos bandidos fugiram.

     A ditadura voltou, lenta e gradualmente.

Fausto Brignol.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

MAL MAIOR- MARCELO ROQUE





Protesto nunca acaba, parceira ... É preciso tomar sempre muito cuidado
com aquilo que nos passam ... Lutando contra a alienação e desinformação
a que esta exposta nossa sociedade ...

Beijos e beijos ...


Mal Maior

"Personificar" o mal é uma tática
muito usada pelos "donos do poder"
Pois, assim, visam nos passar
a falsa sensação que,
eliminando-o, estaríamos resolvendo
grande parte de nossos problemas

Marcelo Roque

Pela liberdade de crer - parte 3/4

Essas prescrições em favor da liberdade das crenças se transformaram em enunciados sagrados, especialmente quando dispostas em textos legais das sociedades. E tudo que é sagrado está fadado a incorrer em obscurantismo e primitivismo. É o que ocorre.

Sendo sagrado, no entendimento de muitos doutores, juristas e juízes, dispositivo de lei considerado sagrado é inatingível, intocável e inquestionável, contrapondose a tudo e estando acima do Bem e do Mal. Sob a alegação de que críticas ferem essa “liberdade”, já houve ações pedindo a sua obstrução com sentenças favoráveis. Recentemente, em Salvador um padre católico escreveu um livro critico sobre práticas de bruxaria na religião do candomblé, com os seus praticantes auferindo auspiciosos lucros. Representantes dessa religião animista pediram judicialmente a proibição do livro do sacerdote, alegando que ofendia o “direito” de crença. Absurdamente, o juiz aceitou esse argumento esdrúxulo e totalitário, e sentenciou que o livro fosse retirado do público, atentando inclusive contra o direito à liberdade de expressão.

Destarte, colocando o raciocínio sob esse ângulo, o sagrado não pode sequer ser criticado. Essa é a grande questão filosófica.

Ora, uma ideia que não pode ser criticada tende a tornar-se imperfeita e irreal. E o pior: se uma crítica não pode ser feita a uma crença, esse procedimento derruba e afronta por completo a liberdade de pensamento.

A crítica não fere o princípio da liberdade de crença ou ideias, pois a crítica não impede, não obstrui, o seu exercício. A crítica é apenas a manifestação de outra ideia, que circunstancialmente poderá ser em parte ou totalmente contrária.

A crítica, portanto, é um puro ato de liberdade de pensamento. Se ela se contrapõe às crenças existentes trata-se de um mero acaso. Quem a tenha, continuará a tê-la, porém se abjurada, será por vontade de seu dono e não por impedimento da crítica, pois esta não tem esse poder.

A crítica, com sua função de antítese, torna-se peça importante no progresso democrático. A evolução e o desenvolvimento intelectual de uma nação se constroem com o amplo funcionamento da crítica em todos os sentidos. A crítica e a análise de qualquer ideia ou crença são tão necessárias quanto a liberdade de a ter.

Além do mais, caracteriza-se como uma peça oportuna e essencial ao bem-estar e à evolução cultural de uma comunidade, conforme podemos verificar adiante. Nem toda crença ou ideia pode ser considerada a priori útil à sociedade e aos seus cidadãos. Crenças podem existir que estejam sendo usadas por grupos ou indivíduos ardilosos para explorar os membros sociais. Outras há que possam incitar nas pessoas comportamentos depressivos, ou destrutivos, ou perniciosos, ou de propagação de mentiras. Somente com a ação das críticas pode se apurar uma falsidade, um embuste, um mentiroso objetivo contido no uso de crenças.

Para melhor entendimento da fragilidade das crenças, daremos alguns exemplos exagerados. Os cartagineses tinham crenças que o deus Baal precisava ser aplacado com sacrifícios humanos, especialmente quando havia epidemias e desastres militares. Então crianças eram jogadas vivas em estátuas efervecentes até morrerem sofrivelmente queimadas e gritando desesperadas. Era na verdade uma morte horrível e cruel. De outra parte, os cristãos do século 16 tinham a crença de que almas endemoniadas resultavam em indivíduos da cor negra. Por consequência, a escravidão era uma crença firmada em postulados divinos, conforme São Jeronimo.

http://filosofia.uol.com.br/filosofia/ideologia-sabedoria/26/artigo190474-2.asp

Experimento norte-americano testa como reverter envelhecimento

29/11/2010 - 14h49

DA "NEW SCIENTIST"

Uma técnica para manter saudável a estrutura dos cromossos pode reverter o envelhecimento dos tecidos.

Mariela Jaskelioff e colegas do Instituto de Câncer Dana Farber Cancer, em Massachusetts (EUA), conduziram um experimento com camundongos programados com telômeros curtos e telomerase inativa para ver as consequências dessa combinação.


O resultado é que os animais tiveram um período de vida curto, órgãos atrofiados e cérebros menores que aqueles que não haviam sido programados.

Os telômeros, que ficam nas extremidades dos cromossomos, diminuem a cada divisão celular, mas as células param de se dividir e morrem quando eles ficam abaixo de um certo comprimento.

Cabe à enzima telomerase retardar essa degradação adicionando um novo DNA na ponta dos telômeros.

Quatro semanas depois de os cientistas tornarem a telomerase dos camundongos ativa, eles detectaram que o tecido se regenerou em diversos órgãos, nova células cerebrais se desenvolveram e a vida dos camundongos foi prolongada.

A pesquisa, em fase experimental com animais, é mais uma evidência das relações entre o comprimento dos cromossos e as doenças relacionadas à idade, que pode levar à aplicação em seres humanos no futuro.


http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/837874-experimento-norte-americano-testa-como-reverter-envelhecimento.shtml

sábado, 27 de novembro de 2010

TERRA ADORADA

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O pipocar enlouquecido dos tiros
nos morros cariocas
- e muito em breve nos morros e não morros
em outras cidades do mesmo país doente –
e nas vielas, nas esquinas, nas estradas,
nos nichos e esconderijos,
nos mínimos e imperfeitos lugares
onde a pátria amada vai caçar os seus filhos
na solidão deste solo,
para humilhá-los, prendê-los, matá-los
heroicamente,
com o seu brado retumbante e a sua clava forte.

A terra mais garrida desce
sobre os inanimados corpos
deitados na vala comum
onde nossos campos tem mais flores
sob o formoso céu profundo,
em berço esplêndido.

O penhor desta igualdade
conquistada pelo braço forte
dos insones assassinos fardados,
amparados pela lei
dos raios fúlgidos nas balas vívidas
brilha no céu da pátria.

A imagem do Cruzeiro resplandece
nos binóculos de longo alcance
e os tiros se sucedem a matar, colossos,
em verde louro e no lábaro vermelho da barbárie,
os impávidos filhos desta terra verdejante.

Coturnos em marcha batida
invadem lares de amor eterno
ao ritmo de “Sal-ve!, Sal-ve!”,
em sonho intenso de grandeza bélica,
enquanto olhos míopes aplaudem
a voz histérica, vampiresca,
da mídia feroz, idolatrada.

Alguém, pouco antes de ser baleado,
diz que em teu seio, ó liberdade,
desafia o nosso peito a própria morte,
terra adorada,
ó mãe gentil!

És tu, Brasil, quem dorme
Hipnotizado
Em drogas plácidas,
Eternamente
No teu sono risonho e límpido.

Fausto Brignol. 

MEA MAXIMA CULPA

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PARA TODOS AQUELES QUE TANTO CRITICAVAM
A AUSÊNCIA DOS GOVERNOS
NAS COMUNIDADES CARENTES DO RIO,
EIS QUE, FINALMENTE,
O ESTADO BRASILEIRO SUBIU O MORRO
PORÉM, ARMADO ATÉ OS DENTES

MARCELO ROQUE









Pela liberdade de crer - parte 2/4

Consequentemente, os povos europeus sob sua influência se viram forçados a adotar somente a religião cristã sob pena de serem impiedosamente massacrados como o foi quase todo o povo saxão. Isso significava que os indivíduos não poderiam ter liberdade a crenças diversas do cristianismo.

A Igreja foi ainda mais além. Não admitiria nem mesmo divergências de seus métodos para impor a sua religião. As crenças dos cidadãos deveriam ser absolutamente iguais e somente prescritas pela Igreja, bem como a forma de liturgia e pregação como devesse ser realizado. Donde entendemos a sua fúria para extinguir os albigenses, fervorosos e disciplinados cristãos que muito se assemelhavam ao cristianismo dos primeiros tempos, mas se distinguiam do cristianismo adotado pelos chefes da Igreja.

De qualquer forma, com essa política de padronização das crenças a todos os povos, a Igreja começou a policiar os pensamentos dos cidadãos. Nos chamados Estados Papais, um cidadão que apenas lesse um livro diferente daqueles indicados pela Igreja, mesmo católico praticante, era passível de condenação e, dependendo da espécie de livro que portasse ou que o tivesse em sua biblioteca, poderia ser condenado à morte. espécie de livro que portasse ou que o tivesse em sua biblioteca, poderia ser condenado à morte.

Por esse procedimento totalitário e policialesco, pode se ter uma ideia da vigilância contra a liberdade de crença em todo o território de influência e domínio da Igreja.

Durante mais de 600 anos, a Igreja usou de todos os meios para impedir a liberdade de opiniões e ideias. Para tanto, seu terror policial usou da tortura, prisões, exílios e mortes horríveis. Estimam alguns autores que nada menos do que 9 milhões de pessoas foram mortas por essa atitude despótica, e outros milhões apodreceram nas prisões e nas galés.

No eclodir da Revolução Francesa, os filósofos iluministas revelaram esse absurdo contra a humanidade e exigiram a total liberdade de pensamento. Conscientes os revolucionários a respeito daquelas épocas de tanto horror e opressão à liberdade, procuraram seguir os ensinamentos dos filósofos, e a partir daquele momento se dispuseram a fazer real e exequível aquela chama filosófica: Liberdade integral de pensamento a todos os cidadãos.

Liberdade e Direitos Humanos
Proclamou-se a Declaração dos Direitos dos Homens e dos Cidadãos, em que se anunciava como base do convívio humano a liberdade pleiteada por pensadores como Voltaire, Rousseau, D’Alambert e Diderot. A boa nova ganhou o mundo e as nações começaram a valorizar a vitoriosa liberdade.

Em 1948, as Nações Unidas, mais explicitamente por meio da Declaração dos Direitos Humanos, estabelece, então, em seu artigo XVIII, o seguinte:

As Constituições dos países em geral repetiram essa proclamação da liberdade de crenças e de ideias.A Constituição brasileira de 1988 prescreve em seu artigo 5º, inciso VI:

Muito bem. Agora podemos dizer que a liberdade de pensamento está assegurada? Infelizmente, a história é bem outra, se a análise estiver dentro de um contexto filosófico.


http://filosofia.uol.com.br/filosofia/ideologia-sabedoria/26/artigo190474-2.asp

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

NÚCLEO URGENTE





Núcleo Urgente

Enquanto nas salas de reuniões,
diplomas, títulos
e vaidades,
entre um cafezinho e outro,
são postos à mesa,
todas as demais portas continuam lacradas
Os dias continuam mais tristes,
as noites continuam mais longas
Palavras empoeiradas,
amontoam-se na biblioteca
Dividindo espaço com o feroz e perturbador
silêncio das traças

Marcelo Roque

Pela liberdade de crer - parte 1/4

Do ponto de vista filosófico e democrático, a liberdade de crença - e de crítica a crença - deve ser assegurada de forma ampla e total.

Prof. J. Vasconcelos*

A humanidade sofreu por muito tempo com a ausência da liberdade dos cidadãos comuns, mormente no que concerne ao seu direito de dispor de suas próprias ideias e crenças. Com efeito, remontando à Antiguidade e compreendendo todos os diversos períodos até a Revolução Francesa, podemos calcular mais de 5 mil anos em que os humanos vinham sendo cerceados na sua faculdade de emitir os seus conceitos pessoais, com exceção apenas nas cidades-estados que empregaram o regime de democracia pura, por volta dos séculos 6, 5 e 4 a.C.

Ideias de cunho político praticamente não seriam possíveis, a não ser referências sobre a maneira como os poderosos atuavam em suas altas funções. Todavia, jamais havia conceituações dos cidadãos comuns sobre a natureza e legitimidade dos privilégios e da assunção aos poderes pelos soberanos, sacerdotes e nobres. Qualquer atitude nesse sentido poderia signifi car a incursão no crime de lesa-majestade.

Com respeito a outras ideias, como as religiosas, menos ainda. Interpretações diferentes dos costumes e credibilidade cultural seria suicídio total. As religiões imperantes eram oriundas dos deuses conforme os ensinamentos dos sacerdotes e, assim, de contexto absoluto e incontestável. Posições estranhas das adorações e rituais predominantes resultavam na execração pela própria coletividade. Além do mais, questionamentos e dúvidas sobre assuntos religiosos abalariam o poder, o mando e as prerrogativas da classe sacerdotal, que usufruía da maior riqueza.

À falta de comunicação e desenvolvimento intelectual, é evidente que os cidadãos comuns pouco dispunham de crenças divergentes. A cultura era demasiadamente Zoroastro, na Pérsia, Amenófis IV-Akhenaton no Egito e Buda na Índia. Não se caracterizavam sequer como oposição às crenças vigorantes. Podemos caracterizá-las mais como acréscimos às próprias crenças existentes. Jesus Cristo, inclusive, não foi condenado por portar novas crenças e nova religião. Foi punido por exercer o sacerdócio à parte do ordenamento dos prelados oficiais.

Somente vamos encontrar na Grécia pessoas com ideias divergentes das crenças dominantes, com os filósofos. Todavia, o ambiente grego era mais acolhedor, embora não fosse totalmente liberado a ponto de os cidadãos poderem livremente manifestar crenças opostas às dominantes. Mesmo porque alguns filósofos foram perseguidos e processados sob a acusação de portarem ideias contrárias às crenças religiosas. Exemplo foi com o que aconteceu a Sócrates, Anaxágoras, Empédocles e outros.

Monopólio religioso
Na Idade Média, quando a religião cristã dominou os países europeus, a situação continuou igual à dos tempos anteriores: pouco progresso intelectual e deficientes meios de comunicação contribuíram para que os cidadãos comuns permanecessem com suas crenças inalteradas, não havendo, portanto o contraditório. À medida em que o Cristianismo avançava por toda parte do Império Romano, a Igreja Católica foi se organizando como uma poderosa força institucional, salientando-se uma poderosa classe sacerdotal. Com o vazio deixado pela queda do império, a Igreja enveredou por uma política de expansão e destruição das crenças nativas das regiões europeias, para tanto usando da persuasão e da força.

De sorte que, por todo lado a Igreja ia se fortalecendo como poder temporal e exterminando tudo quanto era diferente de suas crenças. Instaurava-se nas terras europeias o monopólio religioso, sem espaço para outras crenças. Elucidam os estudiosos que as religiões monoteístas são mais totalitárias e intolerantes à existência de outras crenças e outros deuses. Foi o caso do cristianismo. Quando o poder lhe caiu nas mãos, a Igreja envidou todos os seus esforços para o extermínio de qualquer vestígio de liberdade de crença.


http://filosofia.uol.com.br/filosofia/ideologia-sabedoria/26/artigo190474-1.asp

ALÉM DA SUPERFÍCIE


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Com diversos eventos em todo o país foi comemorada a Semana da Consciência Negra. Trata-se de uma tentativa de resgate do que realmente significou a escravidão no Brasil e do que, até hoje, significa a discriminação pela cor.

     O nosso é um país essencialmente mestiço. Dificilmente encontram-se pessoas de “raça pura”. Mas, procurando, nos estados do sul – Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul – há predominância de brancos, resultado da maciça emigração ocorrida durante o Segundo Império, incentivada na Primeira República e até meados do Estado Novo, nos anos ’30.

     Também para São Paulo foram levas de emigrantes, principalmente italianos e japoneses. O objetivo era substituir os negros nas grandes lavouras de café, com o fim da escravidão. Do Sudeste para cima – e o Brasil é imenso –, quase somente mestiços. A miscigenação entre brancos, negros e índios deu origem a cafuzos, mulatos e caboclos.

     De acordo com a Wikipédia, “mestiços são pessoas que são descendentes de duas ou mais etnias ou raças humanas diferentes, e possuem as características das “raças”. Por exemplo, com antepassados negros e brancos ou negros e índios. São também chamados de mistos em Moçambique e de pardos no Brasil; e também se usam como adjetivos, nas expressões “raça mestiça” ou “cor mestiça”.

     Atualmente – e principalmente depois do advento do ”politicamente correto” – a classificação das raças no Brasil perdeu o seu conteúdo científico, principalmente porque não houve mais incentivo para que especialistas e estudiosos intentassem essa classificação. Qualquer tentativa científica de classificação de raças, no Brasil atual, poderá ser chamada de racismo.

     Vivemos um perigoso momento de provável institucionalização do racismo. Não pela raça, mas pela cor. Há um grande interesse do governo em captar para si o que chama de minorias, como as mulheres e as pessoas de cor negra. Na verdade, as mulheres são maioria e, muito provavelmente, as pessoas de cor negra também.

     Acho ótimo que exista um Movimento Negro, desde que não segregue os brancos, amarelos e indígenas. Mas também acho perigoso um Movimento Negro atrelado ao Estado. Mesmo que se chame de Movimento, se é assim, transforma-se em mais um aliado político da coligação dominante. E a coligação dominante é fascista. Da mesma forma que seria a outra coligação – do Serra – se tivesse vencido as eleições.

     E entendo fascismo como o apadrinhamento do Estado a todas ou à maioria das instituições, partidos e movimentos, de forma a torná-los órgãos ou partes do próprio Estado, mesmo que de maneira mascarada.

     Qualquer movimento popular que exista, se for apadrinhado pelo Estado será tudo menos movimento. O Sistema, estruturado em qualquer tipo de Estado, quando dominante, tem a tendência de tragar os movimentos populares e usá-los para os seus objetivos de perpetuação das oligarquias escolhidas, que o representam.

     As lutas populares devem ser bem mais profundas, ir além da superfície, além da cor da pele.

     Deve-se organizar não um movimento de negros ou de brancos ou de amarelos ou de indígenas, mas um movimento do povo brasileiro, visando desmistificar a farsa democrática em que vivemos. Objetivando a participação real do povo - de todo o povo e não somente de alguns segmentos sociais – no poder e no governo.

     Delegar poderes para partidos e coligações políticas, como tem sido feito até agora, é um vício de uma política ultrapassada que somente visa a domesticação das pessoas – de qualquer cor.

     O Estado é feito pelo povo e não pelos políticos. Mas a mentalidade do povo brasileiro, de sua maioria, ainda é semifeudal quanto a isso, porque acredita em governantes messiânicos, acredita na centralização do poder em alguns poucos escolhidos, acredita que o senhor que mora no castelo foi ungido pelo deus das urnas para governá-lo.

     Ir além da superfície da pele é perceber que a pobreza e a miséria não tem cor neste Brasil. E, se ontem eram os escravos que sofriam sob a chibata e depois aqueles negros que acreditaram que negro tinha que ser comportado e apenas jogar futebol e fazer samba, atualmente a principal segregação é entre os que depositam os seus dólares no exterior e querem a entrega do nosso país ao capital estrangeiro e entre os que não tem o que comer e são ludibriados a cada 2 e 4 anos por promessas eleitorais.

     Ir além da superfície da pele também é ir além da consciência negra, que deve existir, mas deve abranger todo o povo brasileiro sofrido e enganado. Hoje não existem mais capitães do mato, mas existe a polícia e o exército que todos os dias invadem favelas onde se refugiam brasileiros de todas as cores.

     Ir além da consciência negra é ir além da cor da pele e transformar a própria consciência em consciência de justiça e de igualdade social.

Fausto Brignol.

Desprogramar o Software da Cultura do Medo e Inovar com Confiança - EVANDRO VIEIRA OURIQUES

Hora
sábado, 11 de dezembro · 09:30 - 12:30
Localização Instituto Rio Carioca, Salão Parque do Flamengo
Rua Barão do Flamengo, 32, 11º andar - Flamengo - Rio de Janeiro.
Río de Janeiro, Colombia
Criado por
Evandro Vieira Ouriques
Mais informações
Dias 11 e 12 de Dezembro, das 9h30m às 18h, no Instituto Rio Carioca-Flamengo

COMO AGIR NO TERRITÓRIO MENTAL PARA
DESPROGRAMAR O SOFTWARE DA CULTURA DO MEDO E INOVAR COM CONFIANÇA

...WorkLife do
Prof. Dr. Evandro Vieira Ouriques
Certificação pelo IMS-Instituto da Mente Sustentável
Colaboração: Profa. Estelita de Amorim Ouriques

Objetivo
Trabalharemos práticas e conteúdos de Gestão da Mente
(do fluxo de pensamentos, afetos e percepções), metodologia reconhecida acadêmica e internacionalmente, para habilitar o participante:

1. a compreender de forma crítica e reflexiva a origem, as intenções e as ações da cultura do medo e da violência;
2. a deixar de exteriorizar de forma absoluta o mal;
3. a resgatar a responsabilidade e a confiança em si e nas relações;
4. a fortalecer o discernimento e a capacidade de ação transformadora diante do perigo e das oportunidades que se apresentam.

Portanto, a agir com maior autonomia cidadã em suas vidas e carreiras. Através de seu exemplo, o participante passa a intensificar a multiplicação, em suas redes e organizações, de atitudes mais sustentáveis e democráticas nos territórios.

Contexto
O medo e a violência desafiam todas as relações: consigo mesmo, com a família, amigos, trabalho, cidade, ambiente, mundo... Ou seja, com o presente e o consequente futuro. Se o que se experiencia como medo até certo ponto protege, ao virar cultura ele serve para dominar, isolar e fragmentar a ação nos territórios; para ocupar territórios; para dirigir a atenção da maioria e colocá-la focando o mesmo ponto: a procura dos “culpados de plantão”, dos “salvadores da pátria” e dos “paraísos” prometidos pela religião do consumo, inclusive da (in)segurança.

A mídia concentrada pluga no Território Mental das pessoas para fazer o download mais recente do medo, e elas rodam para si mesmas e para as outras este software inconsciente, “naturalizado” e totalizante. Tal cenário psico-político interessa à tomada de decisões de grande impacto, que assim escapam do olhar crítico e participativo da sociedade: o medo é o primeiro inimigo do cidadão livre, da liderança criativa, autoral, sustentável e democrática.

Os três setores estão pressionados pelo estado mental do medo. Exigem a ordem. Mas qual ordem, qual a fonte de referência para tal ordem, se a mesma Sociedade entende que Liberdade é a ausência de qualquer Limite, que seria sempre autoritário?

Como se comportar diante desta irracionalidade que de um lado ameaça e de outro legitima ações discriminatórias e de violência crescente? Como tornar-se mais alerta e menos tenso? Como educar as crianças? Como não retro-alimentar a indústria do medo? A quem interessa o medo? Como este medo se articula com os outros medos: o do desemprego, do fim das garantias sociais, da guerra ao terror, das crises e catástrofes em série? Como inovar de maneira mais sustentável e democrática neste cenário?

Como tudo nasce no Território Mental (o lugar do fluxo dos pensamentos, afetos e percepções), o que é instalado nele cresce e frutifica.

Programa
A Origem Epistemológica do Medo e da Violência;
O Medo Ocidental da Morte e do Universal;
A Exteriorização Absoluta da Violência para o Outro;
O Desejo da Sustentabilidade, da Democracia, dos Direitos Humanos e do Vigor da Diversidade;
Ordem, Cultura e Natureza;
O Medo, a Liberdade e o Limite no Corpo;
Práticas de Desintoxicação do Território Mental;
A Descoberta por Si Mesmo de Como Agir.

Certificado
Este WorkLife tem certificado pelo Instituto da Mente Sustentável.

Data
11 e 12 de Dezembro de 2010, Sábado e Domingo, das 9h30m às 18h.

Local
Instituto Rio Carioca, Salão Parque do Flamengo: Rua Barão do Flamengo, 32, 11º andar - Flamengo - Rio de Janeiro.

Preço
300 reais em depósito à vista até o dia 06 de Dezembro;
350 reais à vista no dia 11 de Dezembro;
400 reais em duas vezes, sendo a primeira em depósito até o dia 06 de Dezembro e a segunda em pré-datado até 06 de Janeiro de 2011.

Informações e inscrições:
evouriques@terra.com.br

O Prof. Dr. Evandro Vieira Ouriques
http://www.evandrovieiraouriques.com/

Evandro Vieira Ouriques é conhecido por sua capacidade de potencializar processos de transformação de atitude.
Transdisciplinar desde 1984, tem vivência intensa com a Diversidade humana, atuando com sucesso em muitos níveis da escala social e em muitos ramos da atividade profissional.

De acordo com o Reputation Institute, de NY, é o melhor acadêmico do mundo deste ano. Recebeu o Prêmio Best Scholar 2010, por ter criado a metodologia Gestão da Mente Sustentável: o Quarto Bottom Line, que o colocou ao lado dos maiores pensadores do mundo no campo da teoria da gestão, como Prahalad e Prakashi Sethi.

O Prof. Evandro criou e sustenta um novo campo de conhecimento, a Economia Psico-política da Comunicação, que tem como orientação o pragmatismo utópico, e dentro da qual está sua metodologia Gestão da Mente, e o conceito Território Mental, que permite o re-desenho de vidas, carreiras, redes, organizações e instituições através de efetiva mudança de mindset: http://www.reputationinstitute.com/community/hall-of-fame

Coordena o NETCCON-Núcleo de Estudos Transdisciplinares de Comunicação e Consciência, da Escola de Comunicação da UFRJ, que tem entre suas principais atividades o Curso de Extensão JPPS-Jornalismo de Políticas Públicas Sociais, que criou em 2007 em convênio com a ANDI-Agência de Notícias dos Direitos da Infância, e o convênio com o Coletivo Brasil de Comunicação Social INTERVOZES, o Laboratório de Políticas de Comunicação-LaPCom, da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília, a Rede de Observatórios de Imprensa-RENOI, a UNESCO-Brasil e a UNESCO-Paris para a aplicação-piloto no Brasil dos Indicadores do Desenvolvimento da Mídia.

O Dr. Ouriques é também Cientista Político, Jornalista, Designer, Curador e Conservador de Obras de Arte, Gestor Cultural, Terapeuta de base analítica, Consultor, Conferencista de renome internacional e Escritor.

Autor de muitos livros, catálogos e artigos de opinião e científicos publicados no Brasil e no Exterior, inclusive pela ONU e a UNESCO, é conhecido como ativista e acadêmico de ponta.

A Profa. Estelita de Amorim Ouriques

Estelita Oliveira de Amorim Ouriques é conhecida por sua intensa capacidade de transformar atitudes e estados de saúde. Escuta, observa, intui, movimenta e coopera para o re-desenho do sujeito no mundo.

É yogaterapeuta, professora de Yoga Integral, massoterapeuta ayurvédica e terapeuta Dorn. Tem especialização também em Yoga para Gestantes, para Crianças e para Terceira Idade

Sua metodologia própria está fundada em profundo conhecimento da relação entre Coluna & Articulações, Respiração e Estados Mentais.

É consultora-associada do NETCCON-Núcleo de Estudos Transdisciplinares de Comunicação e Consciência.ECO.UFRJ, bacharel em Turismo, com extensa formação em sistemas indianos ancestrais e modernos de cura, dança multi-cultural, anti-ginástica, tarot e cristaloterapia.

Com mais de 20 anos de experiência, está entre as mais importantes professoras de Yoga Integral do Brasil.

Membro da Associação Nacional de Yoga Integral e do Sindicato dos Profissionais de Yoga do Estado do Rio de Janeiro, conduz jornadas, cursos e oficinas criativas, e realiza atendimentos pessoais.

Mantém consultório na Tijuca.

Tem conduzido de maneira sistemática Dinâmicas de Transformação e de Formação para Redes no Curso JPPS-Jornalismo de Políticas Públicas Sociais, do NETCCON.ECO.UFRJ e ANDI.

http://www.facebook.com/event.php?eid=170111856342436&index=1

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Thiago de Mello: Os Estatutos do Homem (03)



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NOTÍCIAS ABRADIC- BOLETIM Nº 114 - NOVEMBRO 2010


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OS QUE NÃO SE IMPORTAM

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Os que não se importam somente se importam com as suas razões. E com elas dormem tranqüilos, levam a sua vida, aceitam as verdades que consideram melhores para as suas consciências, preferem o surrealismo dos seus pensamentos eufemísticos, criam os filhos como robôs programados e os associam às mesmas sociedades dos ancestrais, onde reinam as verdades eternas e perfeitas.

     Os que não se importam são especialistas em arrazoados. Através deles enxergam os demais, que consideram como naturalmente inferiores, mas necessários para os trabalhos mais rudes. Julgar, para eles, é um dever natural, posto que são deuses, e acreditam que não só o presente mas também o futuro lhes pertence – colorido e cheio de prazeres -, mas somente a eles, porque os demais são considerados como servos a serem utilizados pela sua suprema inteligência.

     Os que não se importam também fingem se importar. Tomam a frente nas ações cívicas com data marcada; orgulham-se de ajudar aqueles que exploram o ano inteiro. Ficam felizes consigo e com o universo que demarcaram quando se despojam de seus restos em favor dos muito necessitados, já acostumados a viver do lixo dos que freqüentam academias para emagrecer.

     Os que não se importam com a aridez do deserto dos seus escravos ou com a fome dos deserdados, porque os seus jardins são floridos e tem a gula sempre satisfeita, são os que acreditam fervorosamente no deus cúmplice que mora nos brancos templos dos shopping-centers onde só entram os selecionados pelo valor dos seus cartões de crédito.

     E preferem o mundo virtual, embalsamado e asséptico, à visão dos corvos e famintos em torno à vala comum do lixo do seu desprezo.

     Os que não se importam dedicam-se à metafísica ou a outras volúpias mentais onde encarceram os seus olhos medrosos e fugidios, trocando-os por uma mente passiva, gorda, satisfeita com o seu mundo linear.

     Os que não se importam tem medo quando estão fora dos seus condomínios ou quando, inadvertidamente, dão alguns passos nas ruas poluídas pelos infectados comuns. As grades lhes são afáveis e nelas encontraram a maneira da segregação perfeita.

     Os que não se importam adoram o trágico e o inusitado, desde que representado em salas escolhidas, afastadas da ruidosa multidão, que sobrevive na comicidade do seu cotidiano insosso e frustrado e sem nenhum fulgor heróico. São os que patrocinam a arte abstrata, que não incomoda, não tem cheiro ruim nem revela olhares ansiosos de vida ou perdidos na solidão. Para eles, a arte é revelada através das instalações, sempre penumbrosas e sutis, apenas a percepção do vago – muito além do mistério da luta pela vida, do dissabor da angústia dos que deixaram de sonhar e que não são sutis, nem vagos, mas apenas bruscos na sua metodologia da sobrevivência.

     Os que não se importam determinam a vida e a morte, a política e as relações sociais, a paz e a guerra, o amor e o ódio, de maneira equilibrada, sazonal, entre pequenas perfídias e grandes traições.

     Fabricam a sua própria moral, de acordo com a moda e as circunstâncias, mas a resguardam para si, para os seus brinquedos lúdicos, para a sua alegria plastificada, metódica, prevista para os momentos de medida insensatez.

     A outra, a moral oficial, é reservada para controlar e domesticar a fúria dos servos em seus impulsos primários, resultado de genes mestiços e confusos.

     Para os que não se importam todas as reações dos seres inferiores são catalogadas e estudadas com a natural frieza científica dos dominadores. Sua secreta tecnologia permite-lhes interferir nos sonhos, induzir pensamentos, promover paixões e determinar momentos de calma e de euforia.

     Os que não se importam estão acima e além de qualquer possibilidade de sentimento ou emoção.

     Apenas espreitam, observam, manipulam, mas não se importam.

     São os que constroem imensos mausoléus e não se importam de morrer depois que usarem toda a sua cota do secreto elixir da longa vida, desde que tenham a certeza da reverência póstuma.

     Seus clones continuarão como eles a perpetuar a estirpe escolhida e a não se importar.

Fausto Brignol.

COMO TRANSFORMAR AS COISAS? Economia Solidária, Soberania Alimentar e Agroenergia no PR

Conhecimento prático aliado
ao conhecimento científico e técnico,
podem transformar muitas coisas!
com a união das pessoas,
que enxergam problemas e que estão dispostas
a encontrar soluções,tudo é passível de melhora!
é só querer!
e já dizia minha avó : QUERER É PODER!

Nadia Gal Stabile - 26/11/10



Seminário sobre Economia Solidária, Soberania Alimentar e Agroenergia, realizado em Maringá (PR) com a presença de Paul Singer e João Pedro Stédile. Encontro foi parceria entre a Unitrabalho, a Universidade Estadual de Maringá e o Sindicato dos Engenheiros do Paraná.

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HOJE SHOW NO ESPAÇO CULTURAL LATINO AMERICANO - ECLA - Cida Lobo - Parceria (Cida Lobo e Edinho)

ESPAÇO CULTURAL LATINO AMERICANO - ECLA
Rua Abolição, 244 - Bela Vista - São Paulo – SP
Aberto de terça a domingo a partir das 17h (Música Ambiente)
Contatos:
(11) 31047401/97309865 / 80301685
Venha com os amigos:
Bater papo, ouvir música, cineclube, show, teatro, sarau, xadrez, ler, encontros, happy hour,debates, reuniões, confraternizações, cursos, etc.
****
eclacultura@gmail.com
Visite o Blog
http://culturalatiamerica.blogspot.com/
****
AGENDA

26/11/2010 – Sexta-Feira – 21h
Cia. EsquizoCenica da Cooperativa Paulista de Teatro
Apresenta
UTOPIA
Contribuição Voluntária
&
22h
UM GRANDE SHOW
COM MÚSICAS E POEMAS
CIDA LOBO E EDINHO OLIVEIRA
APOIO CULTURAL R$ 10,00
VALE A PENA PRESTIGIAR.
*****
27/11/2010 – Sábado - 20:30h
COMPANHIA VOZES DO TEMPO
LAÇOS E LAÇOS
O TEMPO NÃO PÁRA
TEXTO DE FERNANDO GALDINO
R$ 10,00
&
22:30h
SARAU DA CONSCIÊNCIA POR UM MUNDO MELHOR
HOMENAGEM A 20 DE NOVEMBRO
DIA DA CONCIÊNCIA NEGRA
GRUPO RAIZARTE (PILAR E FILHOS) & ELIAS COSTA
(CONTRINUIÇÃO VOLUNTÁRIA)
*****
28/11/2010 – Domingo – 16h
CINE CLUBE WALTER DA SILVEIRA
PROGRAMAÇÃO INFANTIL
GRATUITO
****
18h
Música Ambiente
É um bom momento de encontrar amigos...
Para um bom papo.
****
“Se tiver alguma proposta de atividade, venha conversar conosco”.
“Terça a domingo, a partir das 17h”
ACEITAMOS MASTERCARD E VISA - ECLA BAR
Música até 1h
&
Bate Papo
Pode Ser Até o Sol Raiar...
“ENQUANTO HOUVER GELO HÁ ESPERANÇA”
Apoio
Produção do Blog: Jesus Carlos – Repórter Fotográfico
Contato
ilatina@uol.com.br
http://jesuscarlos-fotografias.blogspot.com/
Fone: (11) 67456803 – 31419673
&
RÁDIO TUPINIKIM
MÚSICA AUTORAL BRASIEIRA
http://www.radiotupinikim.com.br/
&
REVISTA PALCO
http://www.grupos.com.br/group/palco

&
PRÓXIMA ATRAÇÃO
CULTURA, ARTE E LAZER EM SÃO PAULO
http://amaurirodelli.blogspot.com/




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DESRATIZAÇÃO NO RIO DE JANEIRO


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O boato histórico diz que Nero foi o responsável pelo incêndio de Roma, iniciado na noite de 31 de julho de 64. Roma era uma cidade velha, ocupada pela plebe e seus vícios e o incêndio, se não foi proposital, veio a propósito.

     Após o incêndio, Nero desenvolveu um novo plano urbanístico, incluindo a construção de um novo palácio, o Domus Aurea, e Roma ficou mais bonita, os plebeus foram despejados pelas chamas das casas que ocupavam no centro e os patrícios voltaram a dominar o seu primeiro e antigo território.

     O grande incêndio de Londres, que durou de 2 a 5 de setembro de 1666, não ocasionou vítimas entre os nobres, mas não se sabe quantos morreram, porque as pessoas pobres e da classe média não eram contadas. Destruiu 13.200 casas, 44 prédios públicos e a Catedral de St. Paul. O arquiteto Cristopher Wren liderou os muitos arquitetos que participaram da reconstrução, que deu origem à área conhecida como City of London, hoje um distrito financeiro. Os pobres foram empurrados para a periferia.

     Não importa quem morra – mulheres, crianças ou adolescentes – o importante é começar agora para deixar o Rio de Janeiro “limpo” para 2014.

     As Unidades de Polícia Pacificadora, que iniciaram a sua atuação e instalação através do BOPE (Batalhão de Operações Especiais), em novembro de 2008, na favela Tavares Bastos, nada mais são que tentativas de isolar “o Rio de Janeiro feio” da carioquíssima “Cidade Maravilhosa”.

     O tempo urge, o tempo ruge, e o Rio de Janeiro tem que voltar a ser aquela maravilhosa cidade antes da chegada dos primeiros turistas, em 2014, quando da Copa do Mundo, e estar ainda mais perfeito para 2016, quando sediará as Olimpíadas.

     Não importa se a invasão de vilas e favelas fere a Constituição, se atirar em cidadãos é um crime. No Estado fascista, os fardados tem sempre razão. E se não tiverem razão ficarão tendo. Sua ação os justifica.

     O importante é derrotar o que chamam de narcotráfico: facções de criminosos organizados que atuam na periferia do Rio de Janeiro. Não, não estou me referindo à polícia, mas aos civis que se organizam para vender drogas. De maconha para cima, porque a maconha já está liberada. Cocaína, heroína, estupefacientes em geral – aquelas drogas que deixam as pessoas entre estúpidas e estupefatas.

     É claro que a preocupação das autoridades não é com o vício. Este é um país de viciados. Os que não fumam, bebem; os que não bebem, cheiram. E há os que fazem tudo isso. Esta não é a questão. Os viciados continuarão fumando, bebendo e cheirando. E se matando a seu bel-prazer.

     O que está incluso na invasão das favelas do Rio é a disputa por território. Quando a plebe, por qualquer razão que seja, ameaça demarcar território, cobrar pedágio a ponto de tornar-se quase um estado dentro do Estado, o Estado oficial reage com fúria. Como ousas, Catilina? Quosque tandem? Cortem-lhe a cabeça!

     A estúpida plebe deve entender que é somente uma estúpida plebe. Pode até vender drogas para os patrícios, mas acanhadamente, com a cabeça baixa, de maneira servil como lhe convém. É um serviço necessário, a venda de drogas. Mas deve ser feito de maneira educada. A clientela é imensa e só tende a aumentar. Uma clientela rica, que pode dispor de milhões para seus vícios particulares. Aos pobres, o “crack”, coisa que os ricos nem pensam; para eles drogas especiais, puras, escolhidas.

     A plebe agiu muito mal ao pensar que tinha algum poder somente porque fornece drogas aos ricos. Os ricos tem meios de conseguirem as suas drogas preferidas aonde quiserem. Por isso são ricos.

     Agora, corram ratos, porque a polícia vem aí! E o Rio de Janeiro está precisando de uma limpeza étnica para ficar mais estético aos olhos dos turistas e dos muitos ricos. Corram, porque a policia, os blindados da Marinha, os soldados do Exército e, se necessário, as forças da Aeronáutica, estão atrás de vocês. E saibam de uma vez por todas que não há lei, justiça ou qualquer tipo de defesa para os que são desclassificados socialmente.

     Vocês cometeram o principal pecado em uma sociedade de classes bem delimitadas: desejar ter o seu próprio território. E se resistirem, insistirem em lutar pela própria vida, não se entregarem nos braços armados da Mãe Gentil, preparem-se para incêndios e devastações que trará, depois, uma limpa e educada reurbanização aos olhos do Corcovado.

Fausto Brignol.
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