quarta-feira, 31 de março de 2010

LHC - Acelerador de partícula reproduz o primeiro instante do universo


w1TenMinutes 30 de março de 2010Terça-feira, 30/03/2010
Cientistas recriam o nascimento do universo
Os cientistas do Centro Europeu de Pesquisas Nucleares conseguiram simular o Big Bang em laboratório. A pesquisa pode ajudar os pesquisadores a compreender a formação do universo.
Acelerador de partícula reproduz o primeiro instante do universo.
O gigantesco e bilionário colisor de partículas, que é o maior experimento científico já construído, conseguiu produzir um choque de prótons a uma energia recorde.

L.H.C. o acelerador de partículas nuclear no C.E.R.N. está pronto e as experiências vão começar esta semana.
O L.H.C. foi construído sob a fronteira entre França e Suíça.O L.H.C.é um túnel circular com um acelerador de partículas nuclear que visa dividir a matéria para se descobrir mais a fundo sobre a composição do Universo,seu custo foi de mais de 8 bilhões de dólares.
Os cientistas e pesquisadores do centro de pesquisa internacional pretendem recriar o Big-Bang em laboratório.

W1TV 10 minutes.
http://www.w1tv.com.br

ADMIRÁVEL MUNDO NOVO; VÍDEO POEMA DE MARCELO ROQUE NO POST AO LADO: ASSISTIMOS MESMO O INÍCIO DE UMA NOVA ERA? GLÓRIA KREINZ DIVULGA

COMEÇAMOS COM O FUNCIONAMENTO DO LHC UM MUNDO NOVO OU O SÉCULO 21 COMEÇOU COM A CLONAGEM DE DOLLY? SÓ O FUTURO NOS DIRÁ...POR ENQUANTO SÓ NOS RESTA A POESIA...


Admirável Mundo Novo
Sejam as máquinas visíveis ou invisíveis
é o meu sangue quente
que corre entre suas juntas frias
Alimentando-as com a vida, até então,
restrita as fibras de minha carne
Reinventando assim o meu corpo
e expandindo minh'alma,
para além das fronteiras do meu peito
Marcelo Roque

terça-feira, 30 de março de 2010

Admirável Mundo Novo - Vídeo poema de Marcelo Roque

TINHA QUE SER HOJE...LHC COMEÇA A FUNCIONAR QUANDO MUNDO COMEMORA A SEMANA SANTA; GLÓRIA KREINZ DIVULGA

COM NOTÍCIAS TIRADAS DO BLOG LABORATÓRIO DO JORNAL FOLHA DE S. PAULO, ESCRITAS POR CLÁUDIO ÂNGELO, FICAMOS SABENDO QUE O LHC COMEÇOU A FUNCIONAR HOJE E O TEMIDO BURACO NEGRO NÃO ACONTECEU, COMO SE ESPERAVA...
SIGNIFICATIVO QUE SEJA NA SEMANA SANTA, E NA PÁSCOA JUDAICA, QUANDO MUITOS PARAM PARA MEDITAR SOBRE A CRIAÇÃO DE SI MESMO E DO MUNDO...O TEMPLO DA CIÊNCIA DO SÉCULO 21 TAMBÉM DEU SEU RECADO...GLÓRIA KREINZ
http://laboratorio.folha.blog.uol.com.br/

Bate papo Alan Brum orienta jovens do Complexo do Alemão

GABARITOS DO CONCURSO PEB II SERÁ DIVULGADO HOJE 30/03/10

Concurso para professores do ensino básico (fundamental II e Ensino Médio de todas as disciplinas,ocorrido no domingo dia 28 de março ,terão seus gabaritos e questões divulgados hoje.


Divulgação dos gabaritos da Prova Objetiva: A partir das 14:00 horas do dia 30/03/2010 no site da Fundação Carlos Chagas: www.concursosfcc.com.br


Divulgação das questões da Prova Objetiva: A partir das 17:00hs do dia 30/03/2010 no site da Fundação Carlos Chagas: www.concursosfcc.com.br

segunda-feira, 29 de março de 2010

Quando a angústia (Walder Maia do Carmo)

Quando a angústia envolve a existência,como o nefasto,
recorro à oração.
Nela encontro conforto da certeza na inconsistente paz.
É nesse momento que existo na comunhão, criador e criatura.
É nesse momento que troca-se amor.
Essa atenuação consegue restabelecer o equilíbrio subtraido
da ausência...
A resignação resgata a resistência.

FRED VARGAS/CARLOS LUNGARZO PROVAM FRAUDE NO JULGAMENTO DE BATTISTI

Agora, não resta nenhuma dúvida: o escritor italiano Cesare Battisti foi condenado à prisão perpétua num julgamento irregular, pois não estava sendo defendido por advogados que houvesse constituído para tanto, inexistindo qualquer evidência de que, foragido no exterior, ele tivesse ciência de que o julgavam.

Quem o representou, na verdade, incorreu em crimes como os de fraude e falsidade ideológica, motivados pelo empenho em favorecer outros réus, cujos interesses eram conflitantes com os de Battisti.


Isto foi totalmente provado por uma investigação independente conduzida pela escritora Fred Vargas, que agora é disponibilizada para os brasileiros por Carlos Lungarzo, professor aposentado da Unicamp e membro há três décadas da Anistia Internacional.

Acrescento que o conteúdo desse dossiê é de extrema gravidade: comprova irrefutavelmente o direito que Cesare Battisti tem de ser julgado novamente na Itália, já que sua condenação se deu à revelia.

Esse direito está sendo escamoteado pela Justiça italiana que, ao ignorar a denúncia consistente que lhe foi apresentada, cedeu à razão de Estado, acumpliciando-se com uma fraude.

Também o relator do Caso Battisti no Supremo Tribunal Federal, Cezar Peluso, descumpriu clamorosamente seu dever de servir à causa da Justiça e não apenas ao de uma parte, a mais poderosa: foi alertado de que o escritor sofreu gravíssima violação dos seus direitos e preferiu o caminho fácil da omissão.

Finalmente, dou testemunho pessoal de minhas tentativas de encontrar espaço para esta denúncia na grande imprensa brasileira, sem que houvesse um grande jornal, uma grande revista nem uma grande rede de TV com disposição de fazer jornalismo, publicando o que é notícia de importância decisiva num caso extremamente polêmico.

Segue o texto em que Carlos Lungarzo apresenta esse trabalho, dando as coordenadas para quem quiser conhecer o dossiê no seu todo. (Celso Lungaretti)

CASO BATTISTI, FINALMENTE: PROVA DA
FALSIFICAÇÃO DAS PROCURAÇÕES


A descoberta inicial - Em 2005, a historiadora, arqueóloga e romancista francesa FRED VARGAS, auxiliada por uma perita do Tribunal de Apelações de Paris (Evelyne Marganne) e por dois advogados franceses (Turcon & Camus), descobriu um fato fundamental: as procurações utilizadas pelos advogados italianos de Battisti, no processo de 1982 até 1990, no qual foi condenado a prisão perpétua, FORAM FALSIFICADAS.

A perita mostrou que três procurações (de maio de 1982, de julho de 1982, e de 1990) foram assinadas no mesmo momento. A doutora Vargas deduziu, então, que essas assinaturas tinham sido feitas por Battisti em folhas em branco quando fugiu da Itália. Isso é uma prática muito frequente entre perseguidos, inclusive na América Latina, pois permite que amigos e familiares usem essas folhas vazias para dar procuração a pessoas da sua confiança.

Fred Vargas percebeu também que as duas procurações separadas por dois meses (maio-julho 82) eram idênticas, e coincidiam por transparência como dois xerox coincidem com o original (salvo algumas palavras trocadas). Nenhuma pessoa jamais teve uma coordenação motriz tão perfeita como para reproduzir sua própria escrita, de maneira exata, meses depois. Segundo meu amigo Lars Brejde, professor de geometria diferencial em Oslo (que gentilmente me auxiliou por e-mail e por MSN), a probabilidade de que isso aconteça é quase zero.

OBSERVAÇÃO - Se você escreve uma linha de texto de (+ ou -) 40 caracteres, e dois dias após repete a mesma linha em outro papel, a probabilidade de que ambas coincidam é muito baixa.

Digamos que seja de uma vez em 100 (de fato, é muito menor, mas não quero parecer tendencioso). Então, a probabilidade de que coincidam duas linhas é de uma vez em 10 mil. (De fato, é um pouco menos, porque devem coincidir de maneira conjunta.) A probabilidade de que coincidam três é uma em 1 milhão (1003). Portanto, a probabilidade de que coincidam seis é de 1 vez em 1 bi. Então, a probabilidade de que coincidam as duas procurações em todos os caracteres deve ser, menos de 1 vez em 100 bi.

Portanto, a única explicação é que alguém usou uma antiga procuração verdadeira de Battisti (que ele tinha dado aos advogados em 1979), e a calcou sobre duas folhas em branco. O objetivo disto era fingir que Battisti tinha dado procuração aos advogados. Então, ele não poderia aduzir que foi julgado sem direito à legítima defesa.

(Obviamente, o julgamento teve muitas outras irregularidades, mas neste momento só nos interessa falar nisto.)

A senhora Vargas mostrou sua descoberta aos advogados defensores brasileiros, e a vários políticos e juristas que se interessaram muito e entenderam que era realmente um caso de fraude. Os advogados e o senador Suplicy denunciaram o fato publicamente. Além disso, Fred Vargas pediu ao relator do processo, Peluso, que pedisse à Itália o envio dos originais para fazer uma nova perícia no Brasil. Ele recusou.

Um fato interessante é que um amigo meu, que também tomou conhecimento da descoberta, fez xerox de tudo e conseguiu, por via de contatos familiares, ser recebido por MICHELE VALENSISE, embaixador da Itália no Brasil entre 2004 e 2009. Ele esperava que o embaixador, a quem não conhecia, se incomodasse quando lhe mostrasse os documentos, mas não foi assim. Segundo ele, o diplomático ficou pálido e sussurrou: “Eu não sabia nada. Não tive nada a ver”. Alguns meses depois desta visita, Michele foi deslocado para a Alemanha.

A minha parte - Os documentos possuídos pela doutora Vargas eram suficientes para entender o que tinha acontecido, especialmente utilizando as explicações dela. Entretanto, eu vi algumas dificuldades. O leitor médio, mesmo comprometido e solidário, nem sempre possui tempo e paciência para se mergulhar em mais de 20 documentos fotocopiados, às vezes escuros. Não é estimulante ordenar textos, olhá-los com cuidado, transcrevê-los, cortá-los, uni-los, compará-los e finalmente tirar conclusões.

Por causa dessas dificuldades, decidi fazer uma apresentação PASSO A PASSO (com 55 slides) que permitisse acompanhar todo o processo, como se fosse um catálogo para usar um aspirador ou uma receita para fazer sopa. A apresentação contém todas as xerox necessárias e os comentários. Além disso, há uma pequena animação que mostra a falsificação. Adicionalmente, o TEXTO EXPLICATIVO (de 19 páginas) que acompanha tira todas as dúvidas, junto com outro texto de Fred Vargas. No site podem analisar os 22 documentos originais, claramente expostos.

Em novembro de 2009, eu pedi à doutora Vargas as cópias dos documentos, que ela me entregou com enorme generosidade e comentários muito esclarecedores. Decidi então estudar com detalhe o problema durante dois meses. O truque do decalque era óbvio, e podia ser percebido a olho nu por qualquer pessoa, se for advertida do fato. Mas era necessário colocar tudo isso numa forma que todos pudessem acompanhar facilmente, e não deixasse nenhuma dúvida.

Portanto, auxiliado por várias pessoas, fiz uma reprodução detalhada do processo de falsificação utilizando as cópias legítimas fornecidas por Fred Vargas, tomadas dos documentos que a Itália tinha entregado a França para a extradição de Battisti. Produzi com isso uma apresentação em PowerPoint, onde se mostra de maneira indubitável a coincidência entre duas das procurações.

Uma parece xerox da outra. Ou seja, jamais poderiam ter sido escritas a mão livre. Minha apresentação inclui também exemplos históricos e EXPERIMENTOS QUE SE PROPÕEM AO LEITOR, para que ele os realize e perceba que é IMPOSSÍVEL que dois textos coincidam dessa maneira se não tivessem sido CALCADOS.

Acompanho o PowerPoint com um documento de 19 páginas onde explico o processo passo a passo. Não estou enviando cópia a todas as redes, como faço com a maioria de meus artigos, porque o tamanho dos arquivos poderia obstruir os computadores menos velozes. Mas fico totalmente ao dispor de quem se interessar para maiores esclarecimentos. Todos poderão encontrar estas provas em vários sites e blogs que cito no final desta nota.

Assumo toda a responsabilidade civil e criminal, ante qualquer suspeita de que meus dados possam estar errados, ou de que estou fazendo uma denúncia temerária.

Onde encontrar - Em meu site O Caso de Cesare Battisti (http://sites.google.com/site/lungarbattisti/) se encontra:
  1. a apresentação animada com a descrição do processo de falsificação;
  2. o texto explicativo de 19 páginas, colocado como documento PDF no ANEXO (1) (rodapé).
  3. A coleção de 22 fotocópias que compõem o material da perícia, contendo documentos públicos e escritos privados de Battisti, para propósito de comparação;
  4. outro texto explicativo, este de Fred Vargas (Anexo 2º)
Recentemente, Nádia Gal Stabile, a quem muito agradeço, construiu um blogue de excelente qualidade (http://ocasodecesarebattisti.blogspot.com/), com o mesmo nome, para que eu pudesse armazenar também aí estes documentos. Aí a visibilidade é perfeita.

Observação - Tenho absoluta confiança na correção de minhas provas. Entretanto, apreciarei muito a opinião de quaisquer outras pessoas e instituições. Especialmente, gostaria conhecer o parecer de pessoas que trabalhem em pesquisa grafológica, geometria da escrita e áreas similares. Também apreciaria a opinião de membros da PF e do MPF. Gostaria de saber se num julgamento feito no Brasil, estes documentos teriam sido aceitos.

Peço a todos os que considerem valiosa a causa da justiça, especialmente aos possuidores de blogues, sites e outros veículos, divulgar o máximo possível nossa informação.

Atenciosamente,

Carlos A. Lungarzo

DESEJO, VÍDEO POEMA DE MARCELO ROQUE E CORAÇÃO PULSANDO LINDO;A ROSA, GLÓRIA KREINZ DIVULGA

COM RITMO PRÓPRIO, O POETA DIZ MUITO

DESEJO
Hei de te amar e te amar, e apenas isto
E dormir e acordar abraçado ao teu cheiro
e a tudo de ti que ainda me escapa
E hei de plantar e colher em teu ventre
muito mais que um filho,
muito mais que um neto,
muito mais que o mundo
Hei de plantar à nós mesmos;
Princípio, meio e fim
Tudo aquilo que fomos, somos,
seremos ...
Marcelo Roque

domingo, 28 de março de 2010

Desejo - Vídeo poema de Marcelo Roque

46 VELINHAS VERMELHAS... DE SANGUE

Ao completarem-se 46 anos da quebra da normalidade institucional no Brasil, mergulhando o País nas trevas e barbárie durante duas décadas, é oportuno evocarmos o que realmente foi essa nada branda ditadura de 1964/85, defendida hoje com tamanha desfaçatez pelos jornalões, seus editorialistas e articulistas.

Como frisou a bela canção de Milton Nascimento e Fernando Brant, cabe a nós, sobreviventes do pesadelo, o papel de sentinelas do corpo e do sacrifício dos nossos irmãos que já se foram, assegurando-nos de que a memória não morra – mas, pelo contrário, sirva de vacina contra novos surtos da infestação virulenta do totalitarismo.

Nessa efeméride negativa, o primeiro ponto a se destacar é que a quartelada de 1964 foi o coroamento de uma longa série de articulações e tentativas golpistas, nada tendo de espontâneo nem sendo decorrente de situações conjunturais; estas foram apenas pretextos, não causa.

Há controvérsias sobre se a articulação da UDN com setores das Forças Armadas para derrubar o presidente Getúlio em 1954 desembocaria numa ditadura, caso o suicídio e a carta de Vargas não tivessem virado o jogo. Mas, é incontestável que a ultra-direita vinha há muito tempo tentando usurpar o poder.

Em novembro/1955, uma conspiração de políticos udenistas e militares extremistas tentou contestar o triunfo eleitoral de Juscelino Kubitscheck, mas foi derrotada graças, principalmente, à posição legalista que Teixeira Lott, o ministro da Guerra, assumiu. Um dos golpistas presos: o então tenente-coronel Golbery do Couto e Silva, que viria a ser o formulador da doutrina de Segurança Nacional e eminência parda do ditador Geisel.

Em fevereiro de 1956, duas semanas após a posse de JK, os militares já se insubordinavam contra o governo constitucional, na revolta de Jacareacanga.

Os oficiais da FAB repetiram a dose em outubro de 1959, com a também fracassada revolta de Aragarças.

E, em agosto de 1961, quando da renúncia de Jânio Quadros, as Forças Armadas vetaram a posse do vice-presidente João Goulart e iniciaram, juntamente com os conspiradores civis, a constituição de um governo ilegítimo, só voltando atrás diante da resistência do governador Leonel Brizola (RS) e do apoio por ele recebido do comandante do III Exército, gerando a ameaça de uma guerra civil.

Apesar das bravatas de Luiz Carlos Prestes e dos chamados grupos dos 11 brizolistas, inexistia em 1964 uma possibilidade real de revolução socialista. Não houve o alegado "contragolpe preventivo", mas, pura e simplesmente, um golpe para usurpação do poder, meticulosamente tramado e executado com apoio dos EUA. Derrubou-se um governo democraticamente constituído, fechou-se o Congresso Nacional, cassaram-se mandatos legítimos, extinguiram-se entidades da sociedade civil, prenderam-se e barbarizaram-se cidadãos.

A esquerda só voltou para valer às ruas em 1968, mas as manifestações de massa foram respondidas com o uso cada vez mais brutal da força, por parte de instâncias da ditadura e dos efetivos paramilitares que atuavam sem freios de nenhuma espécie, promovendo atentados e intimidações.

Até que, com a edição do dantesco AI-5 (que fez do Legislativo e o Judiciário Poderes-fantoches do Executivo, suprimindo os mais elementares direitos dos cidadãos), em dezembro de 1968, a resistência pacífica se tornou inviável. Foi quando a vanguarda armada, insignificante até então, ascendeu ao primeiro plano, acolhendo os militantes que antes se dedicavam aos movimentos de massa.

As organizações guerrilheiras conseguiram surpreender a ditadura no 1º semestre de 1969, mas já no 2º semestre as Forças Armadas começaram a levar vantagem no plano militar, introduzindo novos métodos repressivos e maximizando a prática da tortura, a partir de lições recebidas de oficiais estadunidenses.

Em 1970 os militares assumiram a dianteira também no plano político, aproveitando o boom econômico e a euforia da conquista do tricampeonato mundial de futebol, que lhes trouxeram o apoio da classe média.

Nos anos seguintes, com a guerrilha nos estertores, as Forças Armadas partiram para o extermínio premeditado dos militantes, que, mesmo quando capturados com vida, eram friamente executados.

A Casa da Morte de Petrópolis (RJ) e o assassinato sistemático dos combatentes do Araguaia estão entre as páginas mais vergonhosas da História brasileira – daí a obstinação dos carrascos envergonhados em darem sumiço nos restos mortais de suas vítimas, acrescentando ao genocídio a ocultação de cadáveres.

O milagre brasileiro, fruto da reorganização econômica empreendida pelos ministros Roberto Campos e Octávio Gouveia de Bulhões, bem como de uma enxurrada de investimentos estadunidenses em 1970 (quando aqui entraram tantos dólares quanto nos 10 anos anteriores somados), teve vida curta e em 1974 a maré já virou, ficando muitas contas para as gerações seguintes pagarem.

As ciências, as artes e o pensamento eram cerceados por meio de censura, perseguições policiais e administrativas, pressões políticas e econômicas, bem como dos atentados e espancamentos praticados pelos grupos paramilitares consentidos pela ditadura.

Corrupção, havia tanta quanto agora, mas a imprensa era impedida de noticiar o que acontecia, p. ex., nos projetos faraônicos como a Transamazônica, Ferrovia do Aço, Itaipu e Paulipetro (muitos dos quais malograram).

A arrogância e impunidade com que agiam as forças de segurança causou muitas vítimas inocentes, como o motorista baleado em 1969 apenas por estar passando em alta velocidade diante de um quartel, na madrugada paulistana (o comandante da unidade ainda elogiou o recruta assassino, por ter cumprido fielmente as ordens recebidas!).

Longe de garantirem a segurança da população, os integrantes dos efetivos policiais chegavam até a acumpliciar-se com traficantes, executando seus rivais a pretexto de justiçar bandidos (Esquadrões da Morte).

O aparato repressivo criado para combater a guerrilha propiciava a seus integrantes uma situação privilegiadíssima. Não só recebiam de empresários direitistas vultosas recompensas por cada "subversivo" preso ou morto, como se apossavam de tudo que encontravam de valor com os resistentes. Acostumaram-se a um padrão de vida muito superior ao que sua remuneração normal lhes proporcionaria.

Daí terem resistido encarniçadamente à disposição do ditador Geisel, de desmontar essa engrenagem de terrorismo de estado, no momento em que ela se tornou desnecessária. Mataram pessoas inofensivas como Vladimir Herzog, promoveram atentados contra pessoas e instituições (inclusive o do Riocentro, que, se não tivesse falhado, provocaria um morticínio em larga escala) e chegaram a conspirar contra o próprio Geisel, que foi obrigado a destituir sucessivamente o comandante do II Exército e o ministro do Exército.

A ditadura terminou melancolicamente em 1985, com a economia marcando passo e os cidadãos cada vez mais avessos ao autoritarismo sufocante. Seu último espasmo foi frustrar a vontade popular, negando aos brasileiros o direito de elegerem livremente o presidente da República, ao conseguir evitar a aprovação da emenda das diretas-já.

sábado, 27 de março de 2010

GREVE DOS PROFESSORES; MORUMBI TRANSFORMADO EM PRAÇA DE GUERRA; GLÓRIA KREINZ DIVULGA


A POLÍCIA ATACOU PROFESSORES NO MORUMBI ONTEM DE TARDE...FOTOS DO JORNALISTA YURI GONZAGA, QUE TAMBÉM FOI ATACADO...
Yuri Gonzaga: http://img440.imageshack.us/gal.php?g=img4020y.jpg

ESTAREMOS NA PAULISTA,TAMBÉM EM NOME DO SARAU PARA TODOS...GLÓRIA KREINZ DIVULGA


APOIANDO A HORA DO PLANETA...
Mobilização do Movimento Aquecimento Global- I Care eu Me Importo!

APOIO ABRADIC- ATIVEG - NÚCLEO NJR-DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA - ECA USP - CÁTEDRA UNESCO - AGENDA 21 -VOLUNTÁRIOS



Estaremos nos reunindo na frente do Parque Trianon na Av. Paulista à partir das 19:30 do dia 27 de março - sabado, aderindo a Hora do Planeta da WWF

Faremos uma ação pacífica flash mob visando sensibilizar a população e os líderes mundiais

sobre a crise climática

Reivindicamos Políticas Publicas de Prevenção, Emergência, Educação Ambiental, Redução dos níveis de CO2 para 350 ppm

Não à emissão absurda de CO2 pela pecuária e desmatamento da Amazonia



Venha expressar o seu pensamento e reivindicar conosco

O planeta depende de todos nós.

HORA DO PLANETA - 27 DE MARÇO - 20 horas e30 minutos APAGUEM AS LUZES



Curtas do movimento hoje

Mais adesões, divulgue, conscientize

27/03/2010 - 09:14
fontes Carbono Brasil/WWF
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Norte a Sul
O movimento Hora do Planeta 2010 vai acontecer literalmente de norte a sul do planeta. As três cidades localizadas mais ao norte do globo vão aderir ao evento, Murmank (Russia), Hammerfest (Noruega) e NuuK (Groelândia). 
O outro lado adere (três mais ao sul): Hobart (Austrália), Ushuaia (Argentina) e Queenstown, na Nova Zelândia. Por causa do fuso horário, o movimento vai começar na Nova Zelândia, as Ilhas Chatham serão o primeiro local a apagar suas luzes. 
 
Adesões
 
O Grupo Carrefour vai apagar milhares de lâmpadas de todas as suas lojas espalhadas pelo país, fachadas, letreiros e parte da iluminação interna das unidades serão desligados durante a Hora do Planeta, começando as 20h30 (horário de Brasília).
 
Em seu segundo ano consecutivo de participação, o Banco Itaú apagará as luzes dos relógios e pólos administrativos em São Paulo e no Rio de Janeiro também por uma hora. As luzes dos famosos relógios do Conjunto Nacional, na Avenida Paulista, e da Avenida Presidente Vargas, no Rio, também vão ser apagadas. 
 
Mais Países  
 
Está confirmada a participação de Portugal pela segunda vez, na Hora do Planeta 2010. Irão participar oficialmente as cidades Lisboa, Faro, Loulé, Águeda, Aveiro e Vila Nova de Famalicão, e a cada dia mais cidades e vilas procuram saber como aderir ao movimento. Junto com os de Portugal, mais de 70 monumentos estão na lista dos que vão ficar no escuro durante a HP 2010 em todo o mundo.
 
Na Suécia, 84 escolas suecas já formalizaram o seu apoio ao evento. No Canadá, a Coca-Cola ofereceu a WWF - Canadá U$1 milhão de dólares em doação de espaços de cinema e publicidade. O governo Escocês também formalizou sua adesão a HP 2010. 
 
Divulgue  
 
Para ajudar a divulgar a Hora do Planeta 2010, o site oficial está disponibilizando imagens para serem baixadas e utilizadas como ícone de exibição no Orkut, MSN, Facebook ou Twitter. 
Emotions para divulgação em sites de bate-papo também estão disponíveis. Quem quiser ainda pode baixar, para colocar em seu blog, um contador para fazer a contagem regressiva até a Hora do Planeta.
 
Baixe wallpapers (papel de parede), banners e logos. Acesse o link http://www.horadoplaneta.org.br/divulgue.php <http://www.horadoplaneta.org.br/divulgue.php>

http://eptv.globo.com/emissoras/emissoras_interna.aspx?293084

GILMAR MENDES E "FOLHA DE S. PAULO": FEITOS UM PARA A OUTRA

O diabo às vezes é mostrado como um grande trapaceiro, noutras como um cavalheiro que honra seus pactos religiosamente (com o perdão da palavra...), tanto que a eloquência de um Daniel Webster é suficiente para salvar o pecador das chamas do inferno, ao qual se condenara quando trocou sua alma imortal por privilégios terrenos.

Inclino-me pela segunda hipótese: o que há de pior na burguesia brasileira, corporificado na Folha de s. Paulo, concede a Gilmar Mendes, à guisa de bota-fora, a exaltação mais inverossímil, descabida e absurda. Não se vexa de nos pespegar uma aberrante mentira, como pagamento pela alma do seu fiel servidor.

Parafraseando outro clássico, este da literatura infantil, podemos dizer que a Folha insiste em apresentar como suntuosa e magnífica uma toga inexistente: o magistrado está nu.

E, de todos os juízes desta Nação em todos os tempos, Gilmar Mendes foi aquele que teve a nudez mais percebida pelos cidadãos comuns -- aqueles sujeitos na esquina aos quais ele se referiu com aristocrático desprezo em certa ocasião, caracterizando-os como imbecis cuja opinião não deve ser levada em conta pelos doutos togados.

Platão pensava diferente, saudando o espírito de justiça de que até os sujeitos na esquina são imbuídos. E Jesus Cristo considerava bem-aventurados os humildes, aos quais está reservado o reino dos Céus.

O biênio de Gilmar Mendes como presidente do Supremo Tribunal Federal foi marcado pela completa submissão da Justiça aos interesses dos poderosos, deixando em cacos a credibilidade da mais alta corte do País.

"Ao transferir o cargo para Cezar Peluso, no final de abril, Gilmar Mendes ficará não apenas como um dos mais polêmicos mas também como um dos mais ativos presidentes da história do Supremo Tribunal Federal", sentencia a Folha em editorial (Gilmar Mendes).

Omite que tal atividade só foi mesmo frenética quando se tratava de expedir habeas corpus instantâneos para o corruptor-símbolo do País e de ceder à chantagem explícita estadunidense, despachando um menino a toque de caixa para alívio dos exportadores e desonra dos demais brasileiros, reduzidos a poltrões que pulam quando o cowboy dá tiros no chão.

Eis as marcas indeléveis da gestão de Mendes:
  • a criminalização dos movimentos sociais, em declarações visivelmente orquestradas com as campanhas reacionárias da imprensa golpista;
  • o alinhamento com as falácias das viúvas da ditadura, ao qualificar de "terrorista" quem resistiu à tirania, respondendo a uma frase da ministra Dilma Rousseff sobre torturadores com uma insinuação tão injuriosa quanto descabida;
  • a evidente disposição de erigir o Supremo numa alternativa de poder, contrapondo-o em tudo e por tudo ao Executivo;
  • a abusiva manutenção de Cesare Battisti como único preso político do Brasil redemocratizado por três anos já, ao arrepio da Lei do Refúgio e da jurisprudência firmada ao longo dos tempos (e desconsiderada pelo STF num julgamento kafkiano);
  • os atentados contra a profissão de jornalista, não só contribuindo decisivamente para sua desregulamentação ao relatar no STF o processo sobre os diplomas específicos, como a alvejando com outra de suas comparações estapafúrdias (a equiparação a cozinheiros), sempre trombeteadas pela mídia.
Last but not least, Gilmar Mendes será lembrado como o presidente do STF que levou um definitivo calaboca de outro ministro em plena sessão, sem que lhe ocorresse uma mísera justificativa para sua notória compulsão por holofotes.

De resto, voltando ao patético editorial, o diabo deveria ser mais comedido suas loas, para não cair no ridículo involuntário, como neste parágrafo:
"Num país marcado pela impunidade, pode soar impróprio - e é certamente impopular - defender suspeitos da sanha persecutória de setores do Estado. Mas é tarefa da Justiça fazê-lo, e Mendes cumpriu com desassombro sua função".
Só quem for capaz de acreditar em Daniel Dantas como mero "suspeito" a ser defendido da "sanha persecutória de setores do Estado" levará a sério o panegírico da Folha. É gente que crê até em ditabranda...

Nosso Movimento Mobiliza - Ação Flash Mob - Aderindo a Hora do Planeta (AMIGA ETHEL ENVIA)

Tipo:
Data:
sábado, 27 de março de 2010
Hora:
19:30 - 21:30
Localização:
Av. Paulista em frente ao Parque Trianon ou no semáforo em frente

Mobilização do Movimento Aquecimento Global- I Care Eu Me Importo!
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Estaremos nos reunindo na frente do Parque Trianon na Av. Paulista à partir das 19:30 do dia 27 de março - sabado, aderindo a Hora do Planeta da WWF

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Não à emissão absurda de CO2 pela pecuária e desmatamento da Amazonia



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O planeta depende de todos nós.

MILHÕES DE PESSOAS EM TODO PLANETA APAGARÃO AS LUZES PARA SENSIBILIZAR OS LÍDERES MUNDIAIS PARA A CRISE CLIMÁTICA QUE DIZ RESPEITO À TODOS NÓS.

FAÇA O MESMO PELO PLANETA!!!





MOVIMENTO AQUECIMENTO GLOBAL-I CARE- EU ME IMPORTO!

http://aquecimentoglobalicare.podomatic.com


Twitter- gwarmingicare

Facebook- Movimento Agicare

Orkut - Aquecimento Global- I CARE



Aqui vai um video de dezembro com a Tictactictac / voluntários maravilhosos e grande participação popular
http://video.aol.co.uk/video-detail/global-campaign-for-climate-action-so-paulo-brazil/264015872


ALGUMAS DAS PARCERIAS E APOIOS EM MOBILIZAÇÕES EM 2009-E.E. DOM PEDRO I & EMBAIXADORAS DO CLIMA ABRADIC- E NJR -ECA -USP - ATIVEG - TACTICTAC- 350.ORG .

ARTISTAS QUE APOIAM NOSSO MOVIMENTO: SANANDA- OLAM EIN SOF-ZELIA DUNCAN - MARIANA AIDAR - NÁ OZZETTI . TB ARTISTAS DO GRAFITE ZECKY- BRUNO

BIÓLOGA TAMARA BAUAB E MUITO MAIS.



UNA-SE À NÓS JÁ!

http://www.facebook.com/event.php?eid=106133866083581

30ª edição do Prêmio José Reis de Divulgação Científica está com as incrições abertas

O vencedor receberá 20 mil reais e um diploma, além de passagem aérea e hospedagem para participar da solenidade de entrega do prêmio na 62ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência

da Redação

As incrições para a 30ª edição do Prêmio José Reis de Divulgação Científica, foram abertas nesta quarta-feira (16/03) e os interessados poderão enviar a documentação até o dia 14 de maio.

O prêmio que é concedido anualmente pelo Conselho nacional de Desenvolimento Científico e Tecnológico (CNPq) neste ano, será atribuída à categoria "Divulgação Científica e Tecnológica", para escritor ou pesquisador que tenha contribuído com a divulgação da tecnologia, ciência e inovação, aproximando esses temas ao público leigo.

A documentação necessária para a inscrição inclui a ficha de inscrição, currículo atualizado na Plataforma Lattes, justificativa na qual evidencie significativa contribuição à divulgação científica e tecnológica e cópia dos trabalhos mais importantes, com o mínimo de cinco e máximo de dez trabalhos. O resultado será divulgado no no dia 18 de junho pelo CNPq.

Os trabalhos inscritos serão julgados por comissão selecionada pelo CNPq, composta por quatro membros e outros quatro indicados pelas seguintes entidades:SBPC, Associação Brasileira de Divulgação Científica (Abradic), Associação Brasileira de Jornalismo Científico (ABJC), Associação Brasileira das Instituições de Pesquisa Tecnológica (Abipti), Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (Anpei) e Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec).

O vencedor receberá 20 mil reais e um diploma, além de passagem aérea e hospedagem para participar da solenidade de entrega do prêmio na 62ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que ocorerrá entre os dias 25 e 30 de julho, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

Tags: 30ª edição do Prêmio José Reis de Divulgação Científica

FONTES: http://www.sabereletronica.com.br/secoes/leitura_noticia/664

SITE DO CNPq:
http://www.cnpq.br/premios/2010/pjr/index.htm

http://pt.wikipedia.org/wiki/Pr%C3%AAmio_Jos%C3%A9_Reis_de_Divulga%C3%A7%C3%A3o_Cient%C3%ADfica_e_Tecnol%C3%B3gica

sexta-feira, 26 de março de 2010

Oswaldo Frota-Pessoa morre aos 93 anos

FONTE: http://www.abc.org.br/article.php3?id_article=636
25/03/2010
Morreu em 24 de março, aos 93 anos de idade, em São Paulo, o geneticista e Acadêmico Oswaldo Frota-Pessoa. Nascido no subúrbio do Rio de Janeiro em 1917, ele foi pioneiro no estudo da genética humana do Brasil. Entre outros prêmios, recebeu o Kalinga, da Unesco, em 1982. Recebeu também o prêmio José Reis de Divulgação Científica (1980) e tornou-se professor emérito do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo.

"O Frota foi meu orientador, era uma pessoa absolutamente fantástica, não só como pesquisador, mas como educador, que tratava todos com muito carinho, conseguia motivar muito os alunos", afirmou a geneticista da USP e Acadêmica Mayana Zatz. "Eu o conheci assim que entrei na faculdade, com 17 anos. Frota formou todos os geneticistas médicos da minha geração e da que me antecedeu. Formou uma escola."

Seu pai, José Getulio da Frota-Pessoa, foi um importante educador, tendo participado do movimento de renovação do ensino que ocorreu na década de 1930, informa Rodrigo V. Mendes da Silveira, da Faculdade de Educação da USP. Segundo Mendes da Silveira, o cientista gostava de se definir como um "racionalista empedernido".

Frota-Pessoa formou-se em História Natural pela Escola de Ciências da Universidade do Distrito Federal (1938) e na Faculdade de Medicina da então denominada Universidade do Brasil (1941), hoje Federal do Rio de Janeiro. No mesmo ano, cursou técnicas de pesquisa biológica no Instituto Oswaldo Cruz e doutorou-se em História Natural na Faculdade Nacional de Filosofia, também no Rio. Membro da Sociedade Brasileira de Botânica e de Genética e da Academia Brasileira de Ciências, Frota-Pessoa escreveu diversos livros nos campos da genética humana e citogenética.

Era casado com a Acadêmica Elisa Frota-Pessoa, pioneira entre as brasileiras nos estudos de Física e fundadora, em 1948, do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, do qual foi afastada em 1969 em decorrência do Ato Institucional número 5 (AI-5).

A Academia Brasileira de Ciências solidariza-se com a família e lamenta a perda do brilhante cientista brasileiro.
(G1, 24/03)
Todas as matérias deste site podem ser reproduzidas, desde que citada a fonte
FONTE : http://www.abc.org.br/article.php3?id_article=636

FALECEU,DIA 24 DE MARÇO, O BIÓLOGO OSWALDO FROTA-PESSOA; O SARAU PARA TODOS PRESTA HOMENAGEM COM POESIA DE MARCELO ROQUE; GLÓRIA KREINZ DIVULGA

COM CRODOWALDO PAVAN

NA PONTA, COM COORDENADORES DO NJR/ECA/USP


Ciência
Finalmente, encontramos água em Marte, e já podemos dizer às flores,
que elas podem sonhar com as primaveras marcianas ...
Nas salas de cirurgias, mãos robotizadas e programadas por computadores, ajudam a salvar vidas, em suas verdadeiras odisséias intracorporais ...
E enquanto isso, dentro dos vidros nos laboratórios, continuamos expandindo ainda mais o amor, fazendo brotar dos troncos celulares ...
Os mais vermelhos corações ...

Marcelo Roque

quinta-feira, 25 de março de 2010

ADMIRÁVEL MUNDO NOVO - Poesia de Marcelo Roque

Sejam as máquinas visíveis ou invisíveis
é o meu sangue quente
que corre entre suas juntas frias
Alimentando-as com a vida, até então,
restrita as fibras de minha carne
Reinventando assim o meu corpo
e expandindo minh'alma,
para além das fronteiras do meu peito



Marcelo Roque

VULCÃO - POESIA VIDEO DE JOANA D'ARC M.A.MATA

FAX URGENTE -- NEGOCIAÇÃO JÁ!! 23/03/10

Negociação, já!


Esta foi a tônica da audiência pública realizada nesta terça-feira, 23, na
Assembleia Legislativa. A reunião contou com participação de centenas
de profissionais do Magistério. Também participaram deputados de oposição
que compõem a Comissão de Educação, líderes partidários e o presidente
da Assembleia Legislativa. Representantes do governo não compareceram.
Todas as intervenções foram favoráveis ao movimento de greve dos
professores diante da desvalorização instituída pela administração do PSDB.
Além disso, os oradores registraram indignação com a intransigência do
governo que não se propõe a negociar com os representantes do Magistério.
De forma unânime, solicitaram aos parlamentares, em especial ao
presidente da Casa, que intervenham junto ao governo estadual para
que negociações sejam abertas, colocando um fim ao impasse criado.
A presidenta da APEOESP, professora Maria Izabel Azevedo
Noronha, reforçou este pedido, afirmando que “negociar é salutar”. Bebel
também reafirmou que o governo poderia ter transformado o montante
do bônus em reajuste salarial, valorizando a categoria e melhorando
a qualidade do ensino.
A tribuna ainda foi ocupada por representantes das seguintes
entidades: CPP, Udemo, Apampesp, Apase, Sintepps, CNTE, União
Paulista dos Estudantes Secundaristas, Federação dos Servidores Públicos,
CUT e Conselho do Funcionalismo do Estado de São Paulo,
representado por seu presidente Carlos Ramiro de Castro.
Ao final da audiência, o presidente da Assembleia Legislativa
afirmou que a postulação dos professores é justa e que fará tudo o
que estiver ao seu alcance para abrir um canal de negociação entre os
trabalhadores da Educação e o governo paulista.
Local da reunião do
Conselho Estadual
de Representantes
A reunião do Conselho Estadual de
Representantes desta sexta-feira,
26 de março, acontecerá a partir
das 10h00 no Beeby’s Gourmet
Morumbi, localizado à
rua Dr. Clóvis de Oliveira, 224,
Jardim. Guedala – Morumbi
próximo ao Shopping Butantã
e av. Prof. Francisco Morato
Apoio à greve
dos professores
O site da APEOESP (www.apeoesp.org.br)
está disponibilizando um manifesto de apoio à greve
dos professores e pela abertura de negociação. O
manifesto poderá ser assinado no próprio site. É importante
que as subsedes divulguem o link para que
consigamos um grande número de assinaturas.

http://apeoespsub.org.br/teste/Fax/Fax_3410.pdf

GREVE DOS PROFESSORES ESTADUAIS - SÃO PAULO

O RENASCER DAS CINZAS E O HOMEM NOVO

“O anseio meu nunca mais vai ser só
Procura ser da forma mais precisa
O que preciso for
Pra convencer a toda gente
Que no amor e só no amor
Há de nascer o homem de amanhã”
(
Geraldo Vandré, "Bonita")
O ideário político dos contestadores de 1968 é pouco lembrado e menos ainda reverenciado, já que não convém aos que hoje confrontam a partir de posições ortodoxas o capitalismo e suas inúmeras mazelas (desigualdade social, ganância e competição exacerbadas, parasitismo, mau aproveitamento do potencial produtivo que hoje seria suficiente para proporcionar-se uma existência digna a cada habitante do planeta, danos ecológicos, etc.).

Nas barricadas parisienses, gritando slogans como “a imaginação no poder” e “é proibido proibir”, muitos estudantes erguiam as bandeiras negras do anarquismo, que marcara forte presença nos movimentos revolucionários do século 19, mas havia perdido terreno desde a vitória do bolchevismo em 1917.

A tentativa de construção do socialismo em países isolados e economicamente atrasados já se evidenciava desastrosa, por degenerar em totalitarismo. A URSS e seus satélites, bem como a China e Cuba, sacrificavam uma das principais bandeiras históricas das esquerdas, a liberdade, para priorizarem a outra, a igualdade.

E nem a esta última conseguiam ser totalmente fiéis. Propiciavam, sim, melhoras materiais significativas para os trabalhadores, mas nem de longe extinguiram os privilégios, tornando-os até mais afrontosos ao substituírem as antigas classes dominantes por odiosas nomenklaturas (as camadas dirigentes do partido único e as burocracias governamentais, que se interpenetravam e coincidiam na justificativa/imposição de seu status de mais iguais).

O desencanto dos jovens europeus com o socialismo real se somou à constatação de que o proletariado industrial das nações prósperas se tornara baluarte, e não inimigo, do capitalismo. Seduzido pelos avanços econômicos que vinha obtendo, preferia tentar ampliá-los do que apostar suas fichas numa transformação radical da sociedade. Ou seja, face à célebre alternativa de Rosa Luxemburgo – reforma ou revolução? – os aristocratizados operários do 1º mundo optaram pela primeira, como Edouard Bernstein previra.

Em termos teóricos, o filósofo Herbert Marcuse já dissecara tanto o desvirtuamento do marxismo soviético quanto a transformação do capitalismo avançado num sistema impermeável à mudança, a partir da sedução do consumo, da eficiência tecnológica e da influência atordoante da indústria cultural, que estava engendrando um homem unidimensional (incapaz de exercer o pensamento crítico).

Foi ele a grande inspiração dos jovens contestadores de 1968, mesmo porque praticamente augurara sua entrada em cena, assumindo o papel de vanguarda que o proletariado deixara vago.

Para Marcuse, somente os descontentes com a sociedade (pós) industrial – intelectuais, estudantes, boêmios, poetas, beatniks e demais outsiders – perceberiam seu totalitarismo intrínseco e seriam capazes de revoltar-se contra ela. Os demais, partícipes do sistema como produtores e consumidores, seguiriam mesmerizados por sua racionalidade perversa.

O diagnóstico de Marcuse acabaria sendo melancolicamente confirmado quando esses descontentes colocaram a revolução nas ruas de Paris e o proletariado lhes voltou as costas, preferindo arrancar pequenas concessões de De Gaulle do que apeá-lo do poder. O Partido Comunista Francês, quem diria, desempenhou papel decisivo na manutenção do status quo, ajudando a salvar o capitalismo na França.

Mas, o esmagamento das primaveras de Paris e de Praga não conteve o impulso dessa nova maré revolucionária, que continuou pipocando nos vários continentes, com especial destaque para a contracultura e o repúdio à Guerra do Vietnã por parte da juventude estadunidense.

Foi, principalmente, nos EUA que os novos anarquistas se lançaram à criação de comunidades urbanas e rurais para praticarem um novo estilo de vida, solidário e livre. Substituíam os antigos laços familiares pela comunhão grupal – ou, como diziam, tribal – e dividiam fraternalmente as tarefas relativas à sua sobrevivência, tal como sucedia nas colônias cecílias de outrora.

A idéia era a de irem expandindo a rede de territórios livres até que engolfassem toda a sociedade. Então, em vez de colocarem a tomada do poder como ponto-de-partida para as transformações sociais, deflagradas de cima para baixo, eles pretendiam expandir horizontalmente seu modelo, pelo exemplo e adesão voluntária (nunca pela coerção!), até que se tornasse dominante.

Acreditavam que, descaracterizando seus ideais para conquistarem os podres poderes, os revolucionários acabavam sendo mudados pelo mundo antes de conseguirem mudar o mundo. Então, era preciso que ambos os processos ocorressem simultaneamente: deveriam construir-se como homens novos à medida que fossem construindo a sociedade nova.

Esse anarquismo renascido das cinzas e atualizado foi o último grande referencial revolucionário do nosso tempo, daí despertar até hoje a simpatia dos jovens que buscam a saída do inferno pamonha do capitalismo (uma definição antológica do Paulo Francis!) e a ojeriza daquela esquerda que ainda se restringe aos projetos de conquista do poder político.

A questão é se, como em outras circunstâncias históricas, a maré revolucionária será novamente retomada a partir do último ápice atingido (mesmo que com intervalo de décadas entre os dois ascensos).

Os artistas, antenas da raça, crêem que sim. Desde o genial cineasta suíço Alain Tanner (Jonas, Que Terá 25 Anos no Ano 2000), para quem as vertentes e tendências de 1968 voltarão a confluir, reatando-se os fios da História; até nosso saudoso Raul Seixas, que nos aconselhava a tentarmos outra vez e tantas vezes quantas fossem necessárias, não dando ouvidos às pregações tendenciosas da mídia contra a geração das flores e das barricadas.

Esta digressão, que começou citando uma pungente canção de Vandré, merece ser encerrada com um desabafo, que talvez venha a se revelar profético, do bravo guerreiro Raulzito: “Todo jornal que eu leio/ Me diz que a gente já era/ Que já não é mais primavera/ Oh baby, oh baby,/ A gente ainda nem começou”.

quarta-feira, 24 de março de 2010

HOJE E SEMPRE - Poesia de Marcelo Roque

Não me interessa o teu passado,
tuas velhas roupas e perfumes,
tuas fotografias de alcova
Sei, que teus caminhos de outrora
já não cabem nos teus pés
E que são as luzes do presente
que alimentam o teu olhar
Portanto, não me digas nada,
pois, a mim,
basta a beleza deste teu silêncio, hoje e sempre
E assim sendo,
peço-te apenas que feche os olhos
e deite teu corpo sobre o meu
Para que assim, juntos,
deixemos então que o tempo nos envolva,
completamente,
com o teu manto de eternidade



Marcelo Roque

HEURÍSTICA - JOANA D'ARC M.A.MATA




Astrologia
Estudo do espaço, astro
Poetologia
Um hábito num espaço escasso

Entre os astros, extraterrestre
Seres estranhos... Será?
Viajante, brilhante , mutante,
Ou simplesmente ilusão sonora

Exobiologia
Alienígenas,extravagância
Fantasia, ciência
Ilusão ou sabedoria.

E a poesia é exata, precisa
Ou desnecessária pura fantasia
Poeta é racional, pensa,
Ou simplesmente um irrisório?

Afinal se o tempo não é constante
Uns preferem ufologia
Outros fantasiam a dor e inconstante
Transformam lágrimas em poesia.

E assim entre astros e pseudo razão
Os humanos com determinação
Adentram na contradição
Sem chegar a nenhuma conclusão

E sem entender, a poesia argumenta
Para que conhecer os extraterrestres
Se o convívio com humanos é tormenta
Por que não conhecer melhor os terrestres?

TORTURA, ATÉ QUANDO MAIS?

Graças a uma indicação do bom amigo e correspondente José Caldas da Costa, autor de Caparaó - a primeira guerrilha contra a ditadura, tomei conhecimento detalhado de um dos muitos casos escabrosos das prisões do Espírito Santo, este ocorrido no município de Viana.

O jornal capixaba em que Caldas colabora tem nome engraçado, Século Diário. Faz lembrar o Planeta Diário, no qual o Super-Homem finge ser apenas o tímido repórter Clark Kent.

Mas, foi alentador constatar que, longe dos grandes centros, continua se praticando o jornalismo de verdade que, aqui, no más.

Primeiro, o Século Diário fez longa e dramática reconstituição (Masmorras escondem histórias de morte, dor e suplício), em sua edição do último fim de semana, de um episódio de julho de 2009: Lucas Costa de Jesus, de 19 anos, detido por bancar seu vício em drogas traficando pequenas quantidades de maconha, foi alvejado pela tropa de choque que invadiu seu pavilhão na chamada penitenciária de Cascuvi. A bala de borracha o deixou com o lado esquerdo do corpo paralisado, preso a uma cadeira de rodas.

As recordações da casa dos mortos que o repórter José Rabelo colheu de Lucas são bem mais estarrecedoras do que as de Fiodor Dostoievski. Como esta, sobre o assassinato de um preso por outros:
"Lucas conta que durante o curto período em que esteve em Cascuvi, presenciou a cena bárbara de um detento sendo esquartejado. 'Eles chegam bem de surpresa. Enquanto uns cobrem cabeça do preso com um lençol, os outros já vão enfiando os chuchos (...) no peito e na barriga. Na sequencia, eles começam a cortar as partes do corpo. Puseram o coração ainda quente na minha mão e eu tive que segurar. Dava pra ver aquelas coisa amarela saindo. Acho que era gordura'".
E eis o episódio que o privou de uma existência normal:
"Lucas (...) não se lembra de quase nada que aconteceu na noite daquela sinistra segunda-feira (13/07/2009). 'Estava me preparando pra dormir. Já estava até deitado na parte de cima do beliche. Era mais de dez horas da noite quando escutamos os passos dos policiais do BME [Batalhão de Missões Especiais] subindo as escadas correndo. Eles começaram a bater no chapão. Depois entraram com tudo, batendo na gente com cassetetes, dando tiros de 12 e jogando gás. Quando acordei, já estava no hospital. Não me lembro de mais nada. Só sei que estou vivo hoje porque (...) um preso me pegou no colo e implorou socorro para mim".
Depois de passar quase um mês em coma, Lucas voltou a Cascuvi e acabou sendo libertado pela Justiça em função da lastimável condição física a que fora reduzido (tendo até de usar fraldas geriátricas) e da inexistência de cuidados médicos adequados naquela penitenciária.

Apesar da inacreditável omissão do Estado, que não fornece recursos para sua reabilitação (a família é paupérrima e não tem como custear tomografias, fisioterapia, etc.), ele já começa a andar com muletas.

VISITANTES: REVISTAS ÍNTIMAS DE
MENINOS DURAM QUASE MEIA HORA

Mas, o pior de tudo é que não se trata de caso isolado naquele pretenso centro de reeducação (duplipensar orwelliano?), mas sim da ponta de um iceberg, conforme se constata na reportagem seguinte do Século Diário, Pedro Valls exige que caso de baleado na Cascuvi seja investigado ‘até o fim’.

Aí ficamos sabendo que, em agosto/2009, o então desembargador Pedro Valls Feu Rosa, pediu providências das autoridades competentes para apuração imediata de crimes de execuções e torturas e lesões corporais contra Lucas e outros 12 detentos, assinalando:
“...todos os laudos de exame de lesões corporais destes 13 reeducandos foram emitidos em um mesmo dia! Em todos eles o médico legista (...) foi claro: ‘Houve ofensa à integridade física ou à saúde do paciente, e esta ocorreu em decorrência de ação contundente’. (...) Chamou-me a atenção, na sinistra lista que li, o relato alusivo ao (...) 'Lucas Costa de Jesus. Vítima de tortura, espancamento e lesões corporais (...) por parte de policiais dentro do presídio’.(...) Noventa dias foi o tempo que o Estado levou para massacrá-lo, torturá-lo, transformá-lo em paraplégico e depois colocá-lo em liberdade (...) preso a uma cadeira de rodas”.
E o quadro geral que o desembargador apresentou de Cascuvi, novamente, consegue superar o que Dostoievski e nosso Graciliano Ramos narraram, só ficando atrás mesmo dos horrores relatados por Alexander Soljenitsin:
Ocupação das celas. “São inúmeras as denúncias sobre a venda das mesmas. O preso que não tem como pagar passa de presídio em presídio e fica geralmente nas celas mais superlotadas e sujas. Para ter direito a cama ou (...) rede (...) tem que pagar. No IRS a galeria (...) destinada a presos que trabalham (...) custa muito dinheiro. Temos informação que chega a custar até R$ 15 mil uma vaga nessa galeria.”

Saúde. “60% dos detentos estão infectados com doenças infectocontagiosas somente porque faltam condições mínimas de higiene, tais como banheiro decente, água filtrada e sabão.”

Alimentação. “A comida que é servida aos presos é horrível, além de custar em média 12 a 14 reais e vem sempre estragada, fria e entregue fora do horário comum das refeições.”

Visitas. “Fila para entrar. Mesmo chegando às 5 horas da manhã não se consegue entrar no horário, pois as mulheres dos chefes do crime chegam tarde e entram na frente da fila, pois os seus lugares são garantidos pelos próprios policiais.”

Revista íntima dos familiares. “Há ocasiões onde várias mulheres ficam nuas durante horas aguardando as agentes concluírem a revista. Os locais das revistas são imundos, cheios de fungos. As revistas são coletivas, o que constrange ainda mais. As portas são abertas sem nenhum cuidado, com as mulheres ainda nuas. É comum as mães, mulheres e irmãs ouvirem comentários maldosos e olhares indiscretos dos agentes e policiais. Porém o pior acontece com as crianças e principalmente com os meninos. Ficam nus sozinhos e tem seus órgãos genitais revistados por policiais militares. Temos relato de que às vezes uma revista em uma criança chega a durar quase meia hora. (...) Em outras vezes as meninas são revistadas junto com as mães tendo que assistir todo o procedimento vexatório que a sua mãe é submetida e sendo obrigada a olhar e depois essa mesma criança fica completamente nua diante das agentes. (...) No dia de visita a maior parte dos familiares sai chorando e constrangido da sala da revista íntima.”

Crime de tortura. “Destes temos as provas de uns cem e temos também um CD com fotos de todos esses casos."
Lucas confirma as torturas:
“Eu apanhava ou era torturado sem saber qual era o motivo. Os policiais ou agentes chegavam de repente, mandavam a gente tirar toda a roupa e levavam a gente pro pátio, que já estava todo molhado. Isso tudo debaixo de pancada. Depois eles mandavam a gente sentar no chão molhado e começavam a dar choque. Eles riam muito da nossa cara”.

LINDOS VIDEOS POEMAS...A ROSA...


INTENSO
Não por acaso, cada poema meu te invade;
boca, sonhos e músculos;
e despe teu corpo e tu'alma
com toda a destreza de meu amor
Não por acaso, posto que,
todo e qualquer verso que te escrevo é,
e será sempre,
o primeiro e último de minha vida
MIL E UMA CARTAS DE AMOR
Te mandarei mais de mil cartas de amor,
e dentro de cada uma delas,
inventarei outras mil formas de te amar
E te falarei sobre as mil flores que vi nascer,
quando só o que eu ouvia era a tua voz
E contarei sobre os mil desertos que atravessei,
sob mil luas e sóis dilacerantes,
onde meu corpo, então combalido,
nada mais fazia a não ser,
sonhar por mais de mil noites
com o oásis dos teus olhos
Marcelo Roque

terça-feira, 23 de março de 2010

Vídeos poemas "Intenso" e "Mil e Uma Cartas de Amor

CESARE BATTISTI - Falsas Procurações - Texto Definitivo (AMIGO CARLOS ENVIA)

(AVISO:PARA VER EM TAMANHO AMPLIADO CLIQUE EM "FULL")

Sérgio Sampaio - Eu quero é botar meu bloco na rua (AMIGO EDIR ENVIA)

SÓ RESTA A ROSA...GLÓRIA KREINZ


O AMOR QUE TU ME TINHAS,
EU ROUBEI PRA ME SALVAR...
É CELSO LUNGARETTI, É ISSO QUE FAZEMOS TODOS OS DIAS, NOSSA FORMA DE REZAR...OUTRA TEMOS NÃO...E DE MÃOS DADAS, TENTAMOS AINDA CONSTRUIR O AMANHÃ, ONDE TALVEZ NOS NEGUEM, MAS QUE IMPORTA? ESTAMOS ACOSTUMADOS...A ROSA JORNALISTA...BOM DIA...

segunda-feira, 22 de março de 2010

GERAÇÃO MALDITA


"O anel que tu me deste,
eu guardei pra me ajudar,
construi numa viola
de madeira o teu altar

O amor que tu me tinhas,
eu roubei pra me salvar,
toda hora em que a danada
da saudade me pegar

Joema dos olho claros,
bem verdes da cor do mar,
me dava tanta alegria
que eu não preciso sonhar

Basta me lembrar agora
das coisas que deixei lá,
Joema, sempre esperando
na praia do grande mar

Valdomiro das estrelas
não podia se encurvar,
tinha tudo que queria,
dizia tudo a pintar

Olhando pro céu de frente,
perdido sempre em chegar,
Valdomiro das estrelas
pedia para voltar

Que faço agora, Maria?
Que faço agora, diz já!
Se longe, eu ouço hoje
as coisas que vão voltar

Me diz, quem vem comigo
agora, ao Deus dará,
nas coisas de todo mundo,
na vida do benvirá?"

Teledrama inspirado no clima e personagens da música "Das Terras de Benvirá", de Geraldo Vandré; foi exibido em outubro/1978 na ECA/USP.

Exilados latino-americanos vivendo na Europa. Carlos entra com estardalhaço.

CARLOS: Todo mundo preso! (sobressalto geral; Valdomiro erra pincelada no quadro)

GERALDO: Porra, eu já te disse pra não fazer esse tipo de brincadeira! Vai ficar toda hora lembrando as coisas pra gente, vai?

CARLOS: Que é isso, Geraldo, calminha! Não vamos fazer nenhuma tragédia por isso, né? O que passou, passou, ficou pra trás, então temos de encarar tudo com naturalidade. É a única maneira de sair dessa e partir pra outra, né? Então vamos lá, companheiro, abre um sorriso pra gente ver, vá!

GERALDO: E eu vou achar graça do que, da condição da gente aqui, das últimas notícias do nosso país?

VALDOMIRO: Do meu quadro, que você estragou?

CARLOS: Olha, Geraldo, nós aqui não poderíamos estar melhor, afinal não fomos expulsos até hoje. Nosso país (tom irônico), dizem que está virando uma grande potência, a gente deveria até festejar. E (para Valdomiro) esse teu quadro é a milésima versão da Lúcia nas praças e ruas da patriamada. Então, ainda sobram umas 999 pra você ficar aí todo embasbaco e macambúzio, sabe?, olhando a tela como se fosse a Virgem no altar. Só falta você se ajoelhar e beijar o cavalete.

VALDOMIRO: Tá, vai à merda! O que é que um liderzinho estudantil de subúrbio entende de arte? É só pintar um monte de proletas dando com as ferramentas na cabeça de uns burguesões...

CARLOS: É isso mesmo, companheiro! De preferência, uns burguesões de fraque e cartola, alisando a ponta dos bigodes, assim (imita o gesto).

VALDOMIRO: Então, bastaria eu partir prum realismo socialista desbragado pra você logo dizer que sou o maior pintor revolucionário do 3º Mundo?

GERALDO (abrupto): Como é, dá pra você me dizer se trouxe o jornal?

CARLOS: Olha, na edição da tarde tem uma notinha parecida com a da manhã. Diz que oito foram presos e dois feridos, mas não traz o nome de ninguém.

ANA: Mas não deve ser nada não, Geraldo, afinal existem tantos grupos atuando lá na Capital, por que teria de ser logo o do Otávio?

GERALDO: É, mas é uma merda estar aqui, longe de tudo, a gente fica o tempo todo se preocupando. Quando menos espera, abre o jornal e vê que pegaram um companheiro, um amigo...

VALDOMIRO: O que a gente podia fazer, já fez. Se ficássemos lá, com todo aquele clima de luta armada, nuncia iriam deixar que nós continuássemos com os movimentos de cultura popular. Iríamos ser vigiados o tempo todo, perseguidos, presos, poderíamos até virar presuntos e a culpa ser jogada em cima de um Sabado Dinotos qualquer. E nem pra clandestinidade iríamos poder passar, todo mundo já viu nossa cara no jornal, na TV. Iria ser pior pra nós e pros companheiros, que teriam de ficar tomando conta da gente.

CARLOS: Não é nada disso, Valdo, que nada! Vamos voltar agora mesmo que eu atiro livros na cabeça dos reaças, você joga a coleção de Lúcias, o Geraldo atira os discos, num instante a gente faz a primeira revolução tropicalista da História!

ANA: E eu, o que é que eu faço?

CARLOS: Ah, você atira as canetas dos teus alunos. Nunca te contaram que a pena é mais afiada que a espada?

VALDOMIRO: E pra você isso vai ser uma revolução ou uma comédia de pastelão?

CARLOS: As duas coisas juntas, afinal estamos falando de um país latino-americano, né?

* * *

Geraldo recordando a sua saída do país.

JOEMA: É a tua oportunidade, você tem de partir, amor!

GERALDO: Mas, eu posso me esconder na casa da tua irmã, eles não vão me procurar lá...

JOEMA: Ela não concorda com nossas idéias, como é que eu vou pedir que ela se arrisque por nós?! E tem também os vizinhos, tem aquele capitão que mora na esquina, tem os parentes que falam demais, você acabaria preso e complicando minha família!

GERALDO: Tem de haver um jeito de eu poder ficar!

JOEMA: Vai ser sempre um risco inútil, benzinho. Você mesmo me ensinou que o importante é a causa, não as pessoas. Agora é a hora de você se sacrificar, se preservar para o futuro. Afinal, você é um símbolo, teus versos vão continuar inspirando o pessoal daqui. E um dia você ainda vai voltar para cantar nossa vitória, junto com o povo na rua. Você precisa viver para esse dia, amor!

GERALDO: Mas, como eu posso partir e deixar você e o Otávio correndo perigo aqui?

JOEMA: Você me deu os primeiros livros e me convidou para aquelas palestras, quando você quis que eu participasse da tua vida e da tua luta. Você já deveria saber que um dia a gente poderia ter de se separar. Mas não se preocupa, não, Geraldo! Olha, eu tomo conta do Otávio porque ele é teu irmão, ele toma conta de mim porque sou tua companheira, então, no fim, não acontece nada pra nenhum de nós dois, tá, benzinho?! Isso, dá um sorriso, eu não quero me lembrar de você tão sério e carrancudo!

GERALDO: Se fosse tudo tão simples...

* * *

O chamado de Carlos desperta Geraldo de seus devaneios.

CARLOS: Geraldo! Geraldo! Acorda, pô! 'Tava querendo saber se você concorda que um companheiro que você não conhece, o Roberto, venha passar uns tempos aqui com a gente. Ele fez umas ações, caiu em fevereiro e foi pra Argélia no último sequestro. Agora ele se desligou da Organização e está com as idéias meio embananadas; quer parar pra pensar antes de decidir alguma coisa. A gente pode dar uma força pra ele, né, que ele está quase sem grana e precisando mudar do apartamento do Osvaldo. Sabem, tem uns dez caras amontoados lá e vão chegar mais na semana que vem.

GERALDO: Por mim, pode trazer quem precisar, a gente sempre se ajeita.

VALDOMIRO: É, tudo bem.

ANA: Mas, pra mim não está nada bem! Solidariedade, solidariedade, é somente nisso que vocês pensam, não? Que importam as leis de exceção, as torturas, a destruição das entidades de massa? Vocês esquecem num instante que estão aqui por causa dos porralocas dos militaristas! Só querem saber de exibir sua solidariedade revolucionária, seu paternalismo pequeno-burguês, ajudar o coitadinho, pobrezinho, que até ontem estava botando fogo no mundo!

VALDOMIRO: Calma, Ana, calma, o que é que há? Estamos caindo no emocionalismjo, assim não dá pra discutir. Se você acha que o pessoal da luta armada provocou uma radicalização de direita, é um juízo político, a gente pode até concordar com você. Agora, você não pode negar que os companheiros que fizeram essa opção agiram por um ideal. Eles arriscaram a vida...

ANA: É, a deles e a nossa também!

VALDOMIRO: ...arriscaram a vida pra fazer a revolução do modo deles. A História provou que não tinham razão, mas...

ANA: Você está sempre botando panos quentes, sempre conciliando! É por causa de gente como você que esses aventureiros se colocaram à testa do processo, provocando uma ditadura que vai durar uma porrada de anos. E nós estamos aqui, fugindo que nem judeus errantes!

CARLOS: Aninha, Aninha, esse negócio de linhas, tendências, partidos, isso tudo é pra quem está lá no meio da luta. Aqui nós não passamos de uma meia dúzia de subdesenvolvidos, somos que nem um bando de índios na terra dos brancos. Se a gente não ajudar uns aos outros, vem a cavalaria e acaba com todo mundo. Uga, uga, mim, grande chefe Pena Desbotada, decreta a paz entre todos os peles-vermelhas...

ANA: Não brinca, Carlos, vamos discutir a sério. A gente está aqui, longe dos companheiros, dos amigos, não conhecemos quase ninguém aí fora; os gringos não querem nem ver cucarachas perto. A única coisa que sobra é nossa amizade, nossa união. Então, vem um guevarista fanático, com toda aquela carga de violência, e estraga nosso ambiente. Aí nem nesta casa vamos ficar em paz.

CARLOS: Mas Ana, isso é uma imagem que você criou, uma fantasia de sua cabeça. O Roberto não é nada disso. Pelo contrário, é calmo, intelectualizado, entende tanto de marxismo como qualquer um de nós aqui.

VALDOMIRO: Eu acho que você deveria fazer uma autocrítica, Ana, analisar até que ponto teu problema pessoal está influenciando teu posicionamento.

ANA: Eu não tenho nenhum problema pessoal. Eu só queria que vocês pensassem um pouco antes de trazer aqui pra dentro um militarista desses, que vai ficar o tempo todo defendendo o seu aventureirismo e quebrando o pau com a gente!

* * *

Ana relembra a noite de sua prisão, a morte do marido, as torturas.

ANA: Acorda, Ju, acorda!

JÚLIO: Hã, hã, o quê?

ANA: Tocaram a campaínha!

JÚLIO: Mas agora, porra! E que horas... mas são quase quatro horas!

ANA: Meu amor, meu amor, e se for a repressão? Eu disse pra você não ficar dando abrigo pra esse pessoal da guerrilha!

JÚLIO: Mas, que é isso, meu bem? Eu tinha de ajudar, a solidariedade revolucionária... (novo e longe toque de campaínha). Mas, não deve ser nada, não. Fica aqui que eu volto já.

VOZ: Onde é que ele está? Diz logo, filho da puta!

VOZ: Aqui! (fuzilaria)

JÚLIO: Não! Não!

VOZ: Algema ela! Bota o capuz!

VOZ: Quem contatava seu marido? Quando ele ia ter o próximo ponto? Você também conhece os aparelhos? Fala, sua vaca, fala! (Ana grita, ofega)

* * *

Ana e Valdomiro conversando, na calmaria subsequente ao ato sexual.

ANA: Você tinha razão. Era por causa do Júlio. Nem sei se por causa dele mesmo ou da minha vida com ele. Era o que vocês chamariam de uma vidinha pequeno-burguesa, mas eu gostava. Gostava de viver sem susto, cuidando da casa, das crianças, do meu jardinzinho. Toda a rotina de uma dona-de-casa alienada. E daí? Não nasci pra grandes aventuras, nunca pensei em mim transformando o mundo. Acho que casei com o Júlio porque ele era seguro, tranquilo, tomava todas as decisões. Sabia o que era melhor pra nós dois.

VALDOMIRO: E mesmo assim vocês entraram pro partido?

ANA: Bom, até o golpe militar a gente não se interessava pela política. Aí foram todas aquelas prisões, perseguições... o Júlio viajando a serviço e conhecendo aqueles cafundós... tanta miséria, tanta injustiça... No fundo, no fundo, nem ele nem eu seríamos revolucionários se vivêssemos numa democracia de 1º Mundo. Quanto muito entraríamos num partido de centro-esquerda, sei lá... Mas, é que no nosso país a gente não tinha opção. Ou ficava quietinha engolindo tudo que o governo fazia ou entrava pra esquerda. Então, o Júlio acabou entrando e me levando junto.

VALDOMIRO: E acabamos todos no mesmo barco, lambendo as feridas e esperando a hora de voltar...

ANA: Depois de tudo isso eu já nem sei se vale a pena voltar. Se não fossem as crianças...

VALDOMIRO: Nem pense nisso, Aninha. A ditadura não é eterna. A gente ainda vai ver todo mundo feliz, todo mundo rindo, todo mundo se amando. Você precisa voltar pra ensinar a seus filhos, a seus alunos. Explicar pras novas gerações o quanto vale a liberdade. Tudo o que passamos não vai valer nada se a gente não fizer com que essa seja a última ditadura. Se a gente não despertar o povo pra defesa dos seus direitos, pra que o povo nunca mais aceite um regime como esse.

ANA: Do jeito como você fala, parece que a gente vai voltar e encontrar o país do jeitinho que era. Mas, será que com todos esses anos de lavagem cerebral eles não vão conseguir mudar as pessoas? Será que quando a gente voltar o povo ainda vai se lembrar de nós, vai querer ouvir o que a gente tem pra dizer?

VALDOMIRO: Não sei, francamente não sei. Até agora eu vivi para minha obra, e fiz da minha obra o instrumento para despertar as pessoas para a vida, para a harmonia, para a felicidade. Eu entrei na política para aprender mais sobre a vida, para ter coisas mais importantes para transmitir. Se tudo isso não serviu para nada, se quando eu voltar ninguém mais estiver interessado num futuro melhor, em ver na arte o que o mundo deveria ser e depois transformar o mundo... aí, não sei, acho que minha vida terá sido completamente inútil (revê sua dedicação à arte, seus esforços para expressar uma verdade maior nas telas).

* * *

A festa e a batucada com que festejam a chegada de Roberto fazem Carlos relembrar suas alegrias passadas, os discursos que fazia quando o povo ainda tinha lugar na praça.

CARLOS: Eles estão sozinhos, trancados nos gabinetes, escondidos atrás das tropas, prisioneiros do próprio poder. Nós estamos livre no seio das massas, são eles que nos dão esperanças, são elas que nos dão força, são elas que nos apontam o rumo, são elas que nos conduzirão até a revolução. Quando estamos ao lado do povo estamos sempre certos, somos tão fortes que ninguém pode nos derrotar. Quando estamos separados das massas não somos nada, somos a poeira varrida pela História!

* * *

Discussão política, com a participação de todos os membros da comunidade.

ROBERTO: Nós não romantizamos a guerrilha, nem endeusamos as armas. Nosso objetivo sempre foi político. Quando a repressão estourou as entidades de massa, quando eles ocuparam cidades operárias com as tropas para prender grevistas e aterrorizar a população, quando as passeatas estudantis já não tinham o que fazer se não andar de um lado para outro no centro da cidade, então nós nos organizamos para oferecer uma opção, um caminho para o qual pudesse ser canalizado todo esse movimento de massas, criando uma alternativa de poder.

ANA: E isso tudo isolados do povo, escondidos nos aparelhos, querendo fazer a revolução só com estudantes e intelectuais?

ROBERTO: Junto com as massas a repressão acabaria localizando a gente. Prende um operário, ele entrega a base da fábrica, daí é aberto o coordenador do movimento de massas e logo acabam caindo todos os elos da corrente. Para sobrevivermos na luta era necessário nos organizarmos como revolucionários profissionais, vivendo unicamente para a causa.

CARLOS: Mas que adiantava sobreviver se o povo não participava da sua luta nem se interessava por suas ações?

ROBERTO: Numa outra fase do processo executaríamos ações de propaganda armada, como expropriarmos gêneros de primeira necessidade para distribui-los nas favelas, tomarmos supermercados para o povo saquear, ações desse tipo. Além disso, não esperávamos vencer o imperialismo só no nosso país, sabíamos que era impossível. Nossa idéia era desencadear a luta em larga escala, coordenada com os grupos guerrilheiros de outros países, como os tupamaros e o ERP.

ANA: E por que deu tudo errado?

ROBERTO: Foi uma corrida contra o tempo. Nós demoramos tanto para priorizar a luta armada que, quando começamos pra valer, já era tarde, o imperialismo estava bem preparado. Veja o caso do nosso país: eles investiram rios de dinheiro, criaram o milagre econômico, a classe média passou a apoiar o regime, nós acabamos sozinhos e agora a repressão está liquidando nossas Organizações, uma por uma.

GERALDO: Você não acha que foi uma tentativa desesperada?

ROBERTO: Até certo ponto, sim. Nós sabíamos que os militares utilizariam o estado totalitário para conduzir nosso país a um estágio capitalista mais avançado, com o predomínio absoluto das grandes empresas na economia, a colocação do ensino a serviço do capital, a propaganda fascistóide, tudo isso. Então, tínhamos de evitar que eles reestruturassem a sociedade dessa forma, caso contrário as possibilidades de uma revolução ficariam afastadas por um longo período. Foi por isso que arriscamos tudo, nenhum de nós queria esperar mais 20 ou 30 anos por outra situação potencialmente revolucionária.

ANA: Só que, com esse imediatismo pequeno-burguês, vocês acabaram quase todos dizimados e a ditadura ficou ainda mais forte...

ROBERTO: Putz, a companheira pega pesado! Olha, pelo menos uma coisa temos certeza que fizemos: nós lavamos a honra da esquerda, depois daquela rendição sem luta quando os militares tomaram o poder. Quem sabe se nós não pagamos as contas do passado, deixando o terreno limpo para que a juventude entre na luta sem traumas, sem nossa necessidade obsessiva de provar que também tínhamos coragem de sangrar por uma causa?

CARLOS: Mas, a repressão está liquidando as lideranças forjadas em décadas de luta. Assim a juventude ficará sem memória, sem referencial, vai ter de recomeçar tudo da estaca zéro.

VALDOMIRO: Não sei, eu às vezes sinto como se nós fôssemos uma geração maldita, que sentiu como nenhuma outra a necessidade de lutar mas não tinha opção correta para fazer. Parece que a História só nos conduziu a ruas sem saída, e mesmo assim brigamos, polemizamos, discutimos, fizemos o impossível para convencer uns aos outros, trazê-los para a posição que achávamos correta, sem perceber que todas elas acabariam num mesmo fracasso. Num enorme fracasso.

CARLOS: Pelo menos cada um de nós seguiu até o fim suas opções, sacrificou tudo por elas, se entregou à luta como nenhuma outra geração. Esse exemplo a gente deixa pro futuro.

VALDOMIRO: O futuro só fixará nossa derrota. Perdemos, logo estávamos errados. Para eles, esse vai ser o veredito da História.

* * *

Geraldo se despede de cada um dos companheiros, pois decidiu voltar ao seu país. Todos estão emocionados. Até Ana o abraça, chorando. Depois que sai, comentam sua opção.

GERALDO: Ele sabe que a luta está perdida, não tem mais nenhuma esperança, então por que é que resolveu voltar? Está indo direto pro matadouro.

VALDOMIRO: O problema do Roberto é que ele perdeu os amigos, os irmãos, a companheira. Todos de quem gostava acabaram presos ou mortos. Ainda por cima, ele não vê a menor possibilidade das coisas melhorarem em nosso país nos próximos anos. Então, o Roberto chegou até a pensar num recuo, mas não viu nada do outro lado. Não havia mais lugar onde quisesse ficar, nem pessoa que o prendesse à vida. Acabou se solidarizando com os últimos da sua Organização. Vão lutar até o fim...

GERALDO: E acabar presos ou mortos.

VALDOMIRO: Ou mortos. O Roberto, pelo menos, acho que nunca vai cair vivo. Ele sabe muito bem o que encontrará nos porões.

GERALDO: É, estamos no tempo dos mártires.

VALDOMIRO: E muita gente ainda vai morrer à toa. Mas, para o Roberto, talvez seja mesmo a melhor opção. Gente como ele aguenta qualquer sacrifício no presente porque vive sonhando com o futuro, com o dia em que nosso país for libertado. Mas, quando descobre que a revolução não é mais pra amanhã nem pros próximos anos, já não consegue voltar pra rotina. A vidinha normal não significa mais nada para ele. O Roberto viveu com tanta intensidade seu sonho que tinha de morrer junto com esse sonho.

GERALDO: E você, ainda tem esperanças?

VALDOMIRO: Tenho pensado muito nisso e acredito que ainda valha a pena viver. Mesmo que as novas gerações não se interessem por nossas histórias, temos de insistir, procurar os meios para transmitir tudo que aprendemos. Afinal, poucos dos que participaram das últimas fases da política revolucionária sobreviveram. Temos de tornar conhecidas as lições que aprendemos com tanto sacrifício, para evitar que a juventude pague o mesmo preço por seu aprendizado. Para isso faz sentido voltar, faz sentido esperarmos o dia certo para voltar.

Obs.: trabalho em grupo feito para a cadeira de Linguística. Tínhamos de escolher uma obra artística, dela derivar uma história que permitisse destacar o jargão utilizado por tal ou qual grupo social e apresentá-la por meio de audiovisual, programa radiofônico, filme, teleteatro, etc. Convenci o grupo a escolher a canção do Vandré sobre exilados porque era um assunto já na ordem do dia e porque seria fácil trabalharmos em cima do jargão da esquerda. Fiquei com a tarefa de criar o script. E acabei me envolvendo muito com as situações enfocadas, por estarem próximas da minha vivência. O vídeo despertou interesse, causando polêmica.
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