quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Um texto do cientista e filósofo Ilya Prigogine





17 de Agosto de 2007
 
Um pouco sobre o autor:
 
O prof. Ilya Prigogine, nasceu na Rússia, no dia 25 de janeiro de 1917 e faleceu na Bélgica, no dia 28 de maio de 2003. Pode ser considerado como um dos mais brilhantes cientistas e filósofos do nosso século. Recebeu o prêmio Nobel Química, em 1977 por seu trabalho sobre estruturas dissipativas,e o papel das mesmas nos sistemas termodinâmicos enquanto  sistemas distantes de um ponto de equilíbrio e sobre a irreversabilidade dos mesmos.
Estudou química na Universidade Livre de Bruxelas (Bélgica). Em 1959 foi nomeado diretor do International Solvay Institute, em Bruxelas. Posteriormente, foi nomeado Ruegental Professor e Ashbel Smith Professor of Physics and Chemical Engineering da University of Texas at Austin, nos Estados Unidos, onde em 1967 cofundou Física e Química o Center for Complex Quantum Systems. O texto que apresentamos chama-se "Pluralidade dos futuros e do fim das certezas". Foi apresentado nos "Diáolagos do século XXI” realizados no fim de setembro de 1998, na sede da UNESCO, em Paris. Na sua apresentação, o prêmio Nobel de Química sustentou, no discurso de abertura, que não se poderia mais enquadrar o futuro em cenários predeterminados. Desta forma, sob título “Pluralidade dos futuros e fim das certezas”, Ilya Prigogine declarou:

 

I

A questão central deste colóquio, "O século XXI acontecerá[1]?,” assinala a incerteza do homem face ao seu destino. Mas este colóquio marca também nossa vontade de explorar as alternativas e de participar na construção do futuro.
Recentemente, em um número do Nouvel Observateur dedicado à “Busca das origens”, li um artigo de Le Pichon do qual retirei a seguinte passagem:
“Mas o homem tem a capacidade de se projetar no tempo e esta capacidade está, sem dúvida, na origem da sua angústia existencial. É este olhar reflexo e esta capacidade de projeção no tempo que constituem, penso, a verdadeira originalidade do homem. Talvez a única verdadeira originalidade, aquela de tomada de consciência do sofrimento e da morte. É certamente neste aspecto que é preciso buscar o nascimento da arte, da poesia e da metafísica, que fornecem a capacidade de transcender, de se projetar para além, superando o simples nível fatual, imediato, da nossa vida.”
Acho esta passagem muito bela. A vida não pode ser concebida sem previsão do futuro. As plantas não se despertam com a aproximação da primavera ? Curiosamente, este problema do tempo dividiu o pensamento ocidental. O problema do tempo esta estreitamente ligado ao problema do determinismo. Karl Popper exprimiu de forma concisa as dificuldades:
“Todo evento é causado por um outro evento que o precede, de forma que se poderia predizer ou explicar todo evento. Por outro lado, o senso comum atribui
às pessoas normais e adultas a capacidade de escolher livremente entre diversos caminhos de ação distintas...”
Popper apresenta uma bela imagem. Estamos no cinema? Não conhecemos a vítima e não conhecemos o assassino, mas aquele que fez a película a sabe. Seríamos simplesmente os espectadores passivos de um mundo sujeitado às leis determinísticas? Este problema tem apaixonado o homem desde o alvorecer do pensamento, com a controvérsia entre Heráclito e Parmênides. O problema do determinismo não é apenas um problema específico da ciência. Deve também situar o homem na natureza.
Durante séculos, a física ocidental teve um papel importante na discussão deste problema. O que caracteriza a ciência ocidental e a diferencia da ciência chinesa ou da ciência hindu, é a descoberta das “leis da natureza”. O exemplo supremo é a física do Newton que descreve o mundo através de leis determinísticas e reversíveis, em que o futuro e o passado se comportam de forma semelhante. Nosso século veio a conhecer mudanças profundas nas leis da mecânica clássica, a descoberta da mecânica quântica, da relatividade. Entretanto, estas duas características, o determinismo e a reversibilidade a sobreviveram. Daí o pesadelo sempre atual do demônio de Laplace: vamos supor que conhecemos as circunstâncias iniciais; poderemos então predizer o o futuro e redizer o passado (provar que tal evento aconteceu e, em certos casos, explicar seu determinismo). Desta forma, o mundo seria um autômato. É uma posição difícil de aceitar se incluirmos o homem na natureza... Desta maneira, o homem também se tornaria um autômato, ao mesmo tempo ignorando que ele não passa de um autômato. No entanto, esta é a posição admitida por Einstein e por Spinoza.
Que acontecem, então, às interrogações discutidas nesta conferência? O demônio de Laplace já conhece as respostas. O filósofo Jean Wahl escreveu que a história do pensamento ocidental era uma história gloriosa mas infeliz, hesitante sempre entre ser e se tornar. E o grande historiador da China, Joseph Needham, falou da “esquizofrenia européia” que hesita entre um mundo automático e um mundo dirigido por Deus.
Mas quais são nossas opções? Ou um completo monismo que faz de nós autômatos ou um dualismo como em Descartes ou Kant? Mas este dualismo é difícil de ser aceitado. Desde então, desenvolveu-se uma fossa entre entre a ciência e filosofia, levando a uma verdadeira guerra de culturas que encontra sua expressão em filósofos tais como Martin Heidegger ou Richard Rorty. Esta hostilidade levou a uma fragmentação da cultura ocidental, e esta fragmentação está na ordem do dia. O sóciobiologista americano Edward O. Wilson escreveu, na sua recente obra Consilience[2]: “Não existe problema mais urgente que aquele de reaproximar a cultura científica da cultura humanista.” O século XXI será o século desta reconciliação ? Eu gostaria de citar um texto de Isabelle Stengers, professora de filosofia da Universidade Livre de Bruxelas, retirado de uma recente obra de sua autoria: Cosmopolitiques[3].
“No caso presente, seria suficiente, seria mais do que suficiente, lembrar que as famosas leis da física que afirmam a equivalência entre o “antes” e o “depois” não se tornaram possíveis – não estamos nem mesmo falando da história humana e da prática dos físicos – cujas operações de mensuração e o mais simples instrumento de medida negam esta equivalência. De uma maneira ou de outra, estas leis afirmam, desta forma, um mundo onde o enunciado das mesmas seria impossível. Na verdade, é preciso ser um físico para atribuir a estas leis uma autoridade tal para que se possa, rapidamente, pensar em negar em seu nome o que elas pressupõem e o que pressupõe todo ser pensante e falante”
“É preciso ser um físico”. Sou físico e estou convencido que atualmente estamos vendo o desenvolvimento de uma concepção da natureza que é aceitával tanto para os filósofos como também aceitável para a ciência.
O século XIX tinha-nos legado uma herança conflituosa. Temos as leis da natureza das quais já falei mas, também, tínhamos a termodinâmica, com a entropia. A termodinâmica nos dá uma imagem inteiramente diferente do mundo. É uma imagem evolutiva. Vamos nos lembrar do enunciado de Clausius[4]: “A evolução do universo é feita com o aumento na entropia”. A entropia é o traço do tempo. Ao lado das leis reversíveis da dinâmica, existem leis irreversíveis que encontramos em toda parte, no fluxo do calor, os fenômenos dr "transporte", a química, a biologia, nas quais o futuro e o passado podem desempenhar papéis diferentes. De fato, as leis reversíveis de Newton cobrem tão somente uma pequena fração do mundo no qual vivemos. Pensemos no sistema planetário. As leis do Newton nos dão uma boa descrição do movimento dos planetas. Mas o que ocorre sobre os planetas, a geologia, o clima, a vida, tudo isto requer a introdução de leis que incluem fenômenos irreversíveis. Mesmo ao nível microscópico, nós descobrimos fenômenos irreversíveis por toda parte. Pensemos na radioatividade, às partículas elementares instáveis. O dilema é seguinte: os fenômenos irreversíveis são provenientes de nossas aproximações ou é preciso rever a formulação das leis da natureza? São os resultados recentes na termodinâmica que me incentivaram a explorar esta segunda possibilidade.

II

Comecei minha carreira científica pela termodinâmica. De acordo com o segundo princípio da termodinâmica, os fenômenos irreversíveis criam a entropia. Perto do equilíbrio, a termodinâmica descreve um mundo estável. Se há uma flutuação, o sistema responde retornando ao seu estado de equilíbrio, caracterizado ao máximo da entropia ou de algum outro potencial termodinâmico. Mas o que é surpreendente, é que esta situação muda radicalmente quando nós nos colocamos longe do equilíbrio. As flutuações podem então dar origem a novas estruturas espaço-temporais. É preciso para isto que as leis da evolução sejam não-lineares. Chegamos, então, "às estruturas dissipativas" que correspondem às novas organizações "supramoléculares".
No laboratório, nós produzimos estas estruturas facilmente. São, por exemplo, reações químicas oscilantes, nas quais milhões de partículas mudam simultaneamente de “cor”, ou as "estruturas famosas de Türing" nas quais os compostos químicos se organizam em praias, ou ainda os fenômenos ditos “caóticos” observados recentemente na química, nos quais duas trajetórias vizinhas vão se separando exponencialmente, ao longo do tempo. Todas estas novas estruturas ocorrem em pontos de “bifurcação”.
Notemos que, graças principalmente aos fluxos de energia provenientes do sol, vivemos em mundo um “distante do equilíbrio”. Estamos envolvidos por estruturas que são formadas ao longo da história da Terra, seja químicamente, geológicamente ou biológicamente. Devemos buscar sua origem nas bifurcações sucessivas. Há um outro aspecto. Com efeito, as bifurcações mostram que a natureza é imprevisível pois, no ponto de bifurcação, geralmente se apresentam diversas possibilidades. É então um problema de probabilidade aquele de determinar qual das possibilidades vai se realizar. É o "fim das certezas" e a surgimento da pluralidade dos futuros. Deixe-nos insistir no papel construtivo dos fenômenos irreversíveis. Ao nível molecular, este papel construtivo torna-se possível pela aparência de correlações de longa amplitude. Tudo isto nos dá, com relação à matéria, uma visão completamente diferente daquela da matéria no estado de equilíbrio. Tenho escrito freqüentemente: "a matéria no equilíbrio é cega; longe do equilíbrio ela começa a ver". Como já foi notado, geralmente temos sucessões de bifurcações. Isto nos conduz a uma visão "histórica" da natureza. É um ponto importante. O modelo da física tradicional era a geometria, um modelo no qual a relatividade geral de Einstein nos dá o exemplo supremo. Agora, nós vemos, mesmo nas ciências "duras", surgir um elemento narrativo.
Os conceitos de bifurcação, auto-organização, de estrutura dissipativa, penetram cada vez mais em todas ciências, incluindo, inclusive, as ciências sociais). Em resumo, chegamos a uma conclusão muito próxima daquela de J. Gould, que escreveu:
“Para compreender os eventos e as regulações que caracterizam os caminhos da vida, devemos ir além dos princípios da teoria da evolução e na direção de um exame paleontológico do modo de mudança contingente da história da vida sobre nosso planeta, única versão atualizada entre milhões de alternativas plausíveis na qual se descobre que elas não se realizaram. Uma tal concepção da história da vida é completamente contrária aos modelos deterministas habituais da ciência ocidental, mas também às tradições sociais e às esperanças psicológicas mais profundas da cultura ocidental, aqueles de uma história que culmina nos seres humanos enquanto a expressão mais alta da vida e destinados a dominar o planeta”.
Naturalmente, cada ciência tem a sua especificidade. O mecanismo das bifurcações é diferente na química, na biologia, ou na economia. Mas como não ser golpeado pelas analogias?
Desta forma, a passagem do paleolítico ao neolítico se realiza no momento onde se estabelece um fluxo de energia mais importante do meio ambiente em direção ao homem e isto graças à exploração dos recursos vegetais e da metalurgia. O que sempre me chamou a atenção é que a passagem para o neolítico é acompanhada também por uma diferenciação fundamental da visão do mundo. Desta forma, o neolítico chinês é bastante diferente do neolítico da América Latina ou do Oriente Médio. O “ distante do equilíbrio” conduz a uma diferenciação progressiva. Nota-se que o “distante do equilíbrio” é o ponto de partida da imensa variedade do mundo que nos acerca..Outras bifurcações na sociedade se encontram associadas ao emprego do carvão ou do petróleo. No início do século XXI, temos a convicção que nós nos aproximamos de um ponto de bifurcação. Nos simples exemplos estudados na física ou na química, a bifurcação é precedida por fortes flutuações. Não os observamos em torno de nós? Qual é a direção que o século XXI vai seguir ? Qual futuro para o futuro? É um dos temas deste colóquio.

III

Estes resultados obtidos no “distante do equilíbrio” me encorajaram a aprofundar a relação entre as leis da natureza, com a sua visão estática e determinista e a visão termodinâmica, com o seu mundo no devir. A tradição aceita que o devir será o resultado de nossas aproximações dadas às leis exatas reversíveis da mecânica clássica ou quântica desde que aplicamos as mesmas a sistemas termodinâmicos formados por um grande número de partículas que se interagem. Haveria, desta forma, uma linguagem dupla. De um lado, o mundo microscópico reversível e, de outro, um nível macroscópico irreversível, na seqüência de nossas aproximações (chamadas freqüentemente de coarse-graining[5]). Esta visão nunca me satisfez uma vez que dentro desta visão a irreversibilidade seria devido as nossas aproximações. Temos, desta forma, procurar superar esta dualidade. Os progressos recentes da teoria de sistemas dinâmicos e matemáticos no domínio da análise funcional têm, efetivamente, permitido estender as leis da natureza de maneira a incluir nestas o rompimento da simetria temporal e também a noção de probabilidade. Com a probabilidade, as idéias do indeterminado, de futuros múltiplos fazem sua entrada mesmo dentro das ciências do microscópico. Nós não podemos adentrar, neste texto, nos desenvolvimentos necessariamente mais técnicos. Mas apresentemos o novo elemento central:
A sociologia se ocupa de grupos humanos, populações. A biologia darwiniana é, também, uma biologia de populações. Na física (clássica ou quântica), podemos falar, seja em termos de fenômenos “individuais” (trajetórias, funções, ondas), seja em termos de populações ou “conjuntos”.
Os conjuntos foram introduzidos por Gibbs e Einstein para explicitar as bases dinâmicas da termodinâmica. Mas, no ponto de vista dos mesmos, os conjuntos foram introduzidos apenas pelo fato que nós não conhecíamos as posições exatas das partículas que formavam o conjunto. Desta forma, o conjunto era o resultado da nossa ignorância. Tinha sido sempre aceitado que a descrição de conjuntos era equivalente àquela das trajetórias (ou de funções de onda). Isto é verdadeiro para os sistemas dinâmicos simples descritos nos cursos de mecânica. Mas nossos colegas e eu tínhamos mostrado que isto nem sempre era desta forma. A física das populações não é sempre redutível à física dos “indivíduos” isolados. Temos sistemas nos quais a descrição estatística em conjuntos conduz a formulações novas e irredutíveis, isto é, que não podemos superar a etapa das probabilidades. Chegamos, desta forma, a uma descrição microscópica na qual a probabilidade desempenha o papel central.
O exemplo mais importante é aquele dos “grandes sistemas”, formados de um grande número de partículas entre as quais interações são produzidas constantemente. São, precisamente, os sistemas estudados na termodinâmica. Desta forma, a atmosfera desta sala é formada de milhares e milhares de moléculas que, constantemente, se entrechocam. Assim sendo, elas produzem, de início, correlações binárias entre duas partículas e terciárias, em seguida. É um pouco como uma propagação de informação ao seio de uma população humana. O essencial é que, com os conjuntos a probabilidade entra no coração da física. Não há mais conflito entre dinâmica e termodinâmica. O “distante do equilíbrio” à base do mundo complexo que nós observamos tem suas raízes nas leis fundamentais da física.
Passemos às conclusões. Nós vamos de um mundo de certezas a um mundo de probabilidades. Devemos encontrar a “via estreita” entre um determinismo alienante e um universo que seria regido pelo acaso e, desta forma, inacessível a nossa razão. Chegamos a um conceito diferente da realidade. A realidade associada à mecânica clássica era comparável a um autômato. A mecânica quântica não melhorou a situação pois, na mecânica quântica ortodoxa, a realidade depende das nossas medidas. Há, na em mecânica quântica um antropomorfismo curioso que desempenhou, certamente, um papel no pós-modernismo. Contrariamente, nós chegamos à concepção de um mundo em construção. Esta concepção rompe com a hierarquia tradicional das ciências. As ciências duras falavam de certezas. Era bem freqüente o modelo, o objetivo supremo das ciências humanas. As ciências humanas, tais como a economia ou a sociologia, podem agora recorrer a outros modelos.
Em um universo que não é mais um universo de certezas, nós restauramos também a noção de valor. O que poderia significar, com efeito, a noção de valor em um mundo determinista? De fato, os antigos gregos nos legaram dois ideais que guiaram nossa história: aquele da inteligibilidade da natureza ou, como escreveu Whitehead[6] , de “formar um sistema de idéias gerais que seja necessária, lógica, coerente e, em função do qual, todos os elementos da nossa experiência possam ser interpretados”; e aquele da democracia baseada sobre o pressuposto da liberdade humana, da criatividade e da responsabilidade. Nós estamos, certamente, muito longe da realização destes dois ideais, ao menos nós podemos, de agora em diante, concluir que eles não são contradictorios. A natureza é mais rica, mais inesperada, mais complexa do que se tinha imaginado no começo deste século. Indubitavelmente nós veremos, no século que vem, se desenvolver uma nova noção de racionalidade, na qual a "razão" não é mais associada à "certeza” e a “probabilidade” com a "ignorância". É dentro deste quadro que a criatividade da natureza e, em particular, aquela do homem encontram o lugar que lhes cabem.
tradução: Anthony T. Gonçalves
Nota
Para as referências às publicações originais, ver I. Prigogine, La fin des certitudes, Paris, Éditions Odile Jacob, 1996.


[1] “21st Century Dialogues du XXI siècle. Le XXIe aura-t-il lieu ? Will be there be a 21st a century ? “, UNESCO, Paris, 16-19 septembre 1998.
[2] (N.T.)Embora no texto orignal de Prigogine apareça o título Conscience , na obra de Edward O. Wilson, o nome correto da obra é a citada acima.
[3] Isabelle Stengers, Cosmopolitiques;tome I: La Guerre des sciences, Paris, La Découverte/Lês Empêcheurs de penser em rond, 1996.
[4] Rudolf Julius Emanuel Clausius – físico e matemático alemão e considerado um dos fundadores da ciência da termodinâmica e introdutor do conceito de entropia
[5] coarse-grained: não refinado, tosco

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