sexta-feira, 25 de setembro de 2009

INCONSCIENTE PARA DELEUZE & GUATTARI

Mil Platôs – Capitalismo e Esquizofrenia – Deleuze e Guattari

(...)Para Deleuze, o rizoma é inter-relação entre os conceitos. O rizoma é o modelo de realização dos acontecimentos, que tem espaços e tempos livres, onde os acontecimentos são potencialidades desenvolvidas das relações entre os elementos do principio característico das multiplicidades.(...)

(...)Guattari, antes mesmo deste livro, escreveu juntamente com Deleuze o Anti-Édipo, onde ele tenta fazer uma ruptura da psicanálise. A psicanálise tem como objeto o inconsciente, porém cristalizado. O que ele procura nos mostrar é que existe a possibilidade de estudar o inconsciente sem que o mesmo esteja cristalizado ou somente conectado à descrições de fatos, mas a possibilidade de exploração de um inconsciente não-camuflado, puro nele mesmo, sem que seja estudado pela camuflagem que o recobre, como os recantos da memória ou da linguagem. O que a psicanálise fez até então foi um decalque do inconsciente. Mas Deleuze e ele tentam mostrar que é possível fazer um mapa do inconsciente, muito além do simples decalque.

É como observar uma cidade inteira do alto de uma montanha, perceber como é a geologia do lugar, ao invés de adentrar a cidade e medir o território já estabelecido. Se observar do alto, poderá perceber as potencialidades de crescimento daquele território, mas se adentrar a cidade, apenas fará um estudo de pontos daquele determinado lugar, fechando as possibilidades de entrada e saída. Assim funciona com o inconsciente, que, pelo que foi compreendido aqui, deve ser estudado enquanto possibilidades, e não se limitar a fatos ou extratos que o compõem.

O rizoma é o mapa do lugar. Ele tem entradas múltiplas, o que permite também a sua expansão. Ao contrário do decalque, que cava sempre no mesmo lugar.

Deleuze e Guattari chamam isso de esquizoanálise. “Ao contrário da psicanálise, da competência psicanalítica, que achata cada desejo e enunciado sobre um eixo genético ou uma estrutura sobrecodificante e que produz ao infinito decalques dos estágios sobre este eixo(…) a esquizoanálise recusa toda a idéia de fatalidade decalcada, seja qual for o nome que lhe dê, histórica, econômica, estrutural, hereditária, etc.”

O desejo, para a esquizoanálise de Deleuze e Guattari, não é necessariamente ligado a um eixo genético, nem participa de uma estrutura profunda, ele atua como uma intensidade que circula entre entradas e saídas de problemas nos quais vivemos politicamente, e assim o desejo se transforma em pulsão, e pode ser vivenciado através das escolhas políticas decorrentes de agenciamentos.

Estudar o inconsciente seria mostrar como ele tenta constituir um rizoma, mas também com linhas de fuga. Essas linhas de fuga normalmente são obstruídas quando atentamos apenas para o enraizamento do indivíduo na família, sociedade, cultura. Ao invés de fechar o sistema, devemos abri-lo e possibilitar infinitas linhas de fuga.



“Pode até ser que a psicanálise sirva, não obstante nela, como ponto de apoio. Em outros casos, ao contrário, nos apoiaremos diretamente sobre uma linha de fuga que permita explodir os estratos, romper as raízes e operar novas conexões”.

O termo esquizoanálise vem do germânico skhízein (esquizo) que significa fender, dividido. Análise fendida, dividida, multiplicada.

Segundo Wikipedia:

“A cada momento, o ser humano é atravessado por forças externas, que se encontram no campo sócio-cultural, as quais promovem encontros que ora cristalizam o sujeito nos seus valores, tornando-o um ser mecânico e repetitivo, ora os faz produzir e viver de forma criativa e potente na relação com a vida.

Criada por Gilles Deleuze e Felix Guattari, a Esquizoanálise é uma concepção da realidade em todas suas superfícies, processos e entes, e também nas suas individuações inventivas como acontecimentos-devires. Para esta concepção, a produção e o desejo são imanentes entre si e produtores de toda a realidade. Consiste em uma ampla leitura da realidade, tanto natural, quanto social, subjetiva e assim como de uma realidade “outra”, pluripotencial.”(...)


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