segunda-feira, 30 de março de 2009

FOUCAULT , AS DROGAS E AS AMIZADES

"Foucault relata sua frustração em relação a maneira como as drogas são tratadas em nossa cultura, pois, em sua opinião, elas já fazem parte, mesmo que negadas e/ou proibidas por muitos, de nossa cultura. “O que me frustra, por exemplo, é que se considere sempre o problema das drogas exclusivamente em termos de liberdade ou de proibição. [...]
Enquanto fonte de prazer. Devemos estudar as drogas. Devemos experimentar as drogas. Devemos fabricar boas drogas - capazes de produzir um prazer muito intenso. O puritanismo, que coloca o problema das drogas - um puritanismo que implica o que se deve estar contra ou a favor - é uma atitude errônea. As drogas já fazem parte de nossa cultura. Da mesma forma que há boa música e má música, há boas e más drogas. E então, da mesma forma que não podemos dizer somos ‘contra’ a música, não podemos dizer que somos ‘contra’ as drogas” (FOUCAULT, 1984c)


"Essa característica da amizade vai de encontro ao objetivo político, ético, social e filosófico dos nossos dias, isto é, a recusa do que somos, de nossa identidade que nos foi imposta. Foucault não nega a importância daquilo que realmente torna os indivíduos seres individuais, mas sim é contra à imposição, exercida pelo Estado Moderno sobre o indivíduo, de um tipo de individualidade. “Se devemos nos posicionar em relação à questão da identidade, temos que partir do fato de que somos seres únicos. Mas as relações que devemos estabelecer conosco mesmos não são relações de identidade, elas devem ser antes relações de diferenciação, de criação, de inovação. É muito chato ser sempre o mesmo. Nós não devemos excluir a identidade se é pelo viés desta identidade que as pessoas encontram seu prazer, mas não devemos considerar essa identidade como uma regra ética universal” (FOUCAULT, 1984c; 1995a, p. 234-239).
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O êthos significava para os gregos a maneira de ser, ou de se conduzir. Era a forma concreta de se praticar a liberdade, manifestada nos hábitos e gestos cotidianos do indivíduo, sendo por isso visível a todos. Mas para que essa
prática tomasse uma forma bela, honrada, respeitável e memorável era preciso um intenso trabalho do indivíduo sobre
si mesmo (FOUCAULT, 2004, p. 270).
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Aqui, pode-se entender por limites aquilo que separa o necessário do possível. Em relação a isso, Foucault sinaliza a necessidade de escapar à alternativa do fora e do dentro, de se situar nas fronteiras, pois é apenas no limite que ocorre o
ato transgressivo, a ultrapassagem possível (FOUCAULT, 2001a p. 32-34; 2005a, p. 345-347).

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*"A AMIZADE EM FOUCAULT: PELA INVENÇÃO DE POSSIBILIDADES DE VIDA"
Thiago Canonenco Naldinho
UNESP - Assis

FONTE : http://www.gepef.pro.br/EGEPEF/TRABALHOS%20EGEPEF%202007/helio/artigo%20thiago.pdf.

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