quarta-feira, 24 de setembro de 2008

PAGÚ - "PATRÍCIA GALVÃO" - NOTHING

“Nada, nada, nada

Nada mais do que nada

(...) Trouxeram-me camélias brancas e vermelhas

Uma linda criança sorriu-me quando eu a abraçava

Um cão rosnava na minha estrada

(...) Abri meu abraço aos amigos de sempre

Poetas compareceram

Alguns escritores
Gente de teatro

Birutas no aeroporto

E nada”

**(setembro 1962)*último texto de Pagú publicado
no jornal A Tribuna.Tres meses depois,ela falece em Santos.

FONTE: http://www.vidaslusofonas.pt/pagu.htm
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24/10/08 - segunda postagem

NOTHING

Nada nada nada
Nada mais do que nada
Porque vocês querem que exista apenas o nada
Pois existe o só nada
Um pára-brisa partido uma perna quebrada
O nada
Fisionomias massacradas
Tipóias em meus amigos
Portas arrombadas
Abertas para o nada
Um choro de criança
Uma lágrima de mulher à-toa
Que quer dizer nada
Um quarto meio escuro
Com um abajur quebrado
Meninas que dançavam
Que conversavam
Nada
Um copo de conhaque
Um teatro
Um precipício
Talvez o precipício queira dizer nada
Uma carteirinha de travel's check
Uma partida for two nada
Trouxeram-me camélias brancas e vermelhas
Uma linda criança sorriu-me quando eu a abraçava
Um cão rosnava na minha estrada
Um papagaio falava coisas tão engraçadas
Pastorinhas entraram em meu caminho
Num samba morenamente cadenciado
Abri o meu abraço aos amigos de sempre
Poetas compareceram
Alguns escritores
Gente de teatro
Birutas no aeroporto
E nada
http://caferusso.blogspot.com/2008/05/homenagem-pagu_25.html

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